sexta-feira, 14 de março de 2014

Entrevista: Scatha

A banda traçou metas, criou seu trabalho e determinou seu caminho. O resultado foi uma bagagem que as consolidaram como uma grande banda na cena metálica nacional. Muitos shows com boa visibilidade, o EP com grande aceitação e uma legião de seguidores. Veio então o "tempo pra criação do full" e a partir daí, vamos saber o que vem por aí no caminho da banda thrash carioca SCATHA.

1 - Começo perguntando se a descrição acima sobre a banda resume bem o que ficou marcado?
(Cíntia Ventania) - Primeiramente obrigada pela oportunidade de tocar no próximo evento de aniversário da Quality Music! Bem, o caminho é longo e por vezes um tanto perverso... Há anos estamos juntando a coragem, as idéias e o bolso para produzirmos um ótimo full. Podemos dizer que conseguimos alguma visibilidade ao longo desses anos de atividade, mas tivemos uma sequência de acontecimentos que prejudicou a banda. Talvez seja apenas falta de sorte, mas às vezes sentimos que pode ser algum tipo de macumba! (risos) Mas não podemos nos deixar abater... Ainda estamos na batalha.  Retomaremos às sessões de gravação para assim, podermos finalmente lançar este tão esperado - pelo menos por nós - Full Lenght! Quanto à receptividade, posso dizer que 99% de nossos shows tiveram uma ótima receptividade do público, e nossa demo "Keep Thrashing!" teve uma repercussão maior do que esperávamos... Eu mesma cheguei a chorar escondida de emoção ao ver matérias em revistas estrangeiras de página inteira, ou destaques nas revistas brasileiras, como a Roadie Crew e Rock Brigade... Já até perdi a conta de quantas demos prensamos e vendemos... Mas com certeza foram mais de 400 cópias em todo mundo.

2 - Thrash metal nervoso numa banda feminina (ao qual acho isso mero detalhe e prefiro defini-las como integrantes de mais uma banda de metal com bastante qualidade). Mas o público AINDA se espanta com mulheres no palco tocando metal e principalmente no estilo (as cabeças mais atrasadas pensam dessa forma). Bom, pelo conhecimento que tenho da Scatha, vejo empenho, determinação no que escolheram para a banda. Tem sido "fácil" o caminho?
(Cíntia Ventania) - Como eu falo demais, acabei meio que já respondendo tal pergunta... O caminho nunca é fácil, ainda por cima no Rio de Janeiro, Brasil... País do futebol, do samba, da bunda, muito calor... Mas sabemos que é possível conseguir algo de expressivo, e sabemos que potencial não nos falta... Talvez nos falte um pouco mais de credibilidade, que uma banda de metal pode ter mais visibilidade. Conhecemos muitas bandas ótimas que infelizmente não "emplacaram" ou acabaram se desfazendo pelas dificuldades que encontramos no underground. A música no Brasil não é levada a sério, a profissão de músico é bem "sofrida", e tem pouca credibilidade na sociedade. Mas mesmo em outros países há essa dificuldade, tudo depende muito de seus contatos e se você sabe se comunicar bem com público e mídias. Posso dizer que a Scatha é uma banda que ama fazer o que faz, e não mantém a banda por imagem ou por qualquer outro tipo de visibilidade fútil. Estamos aí pra alimentarmos nossa paixão e fazermos o que realmente amamos que é a música, mais especificamente o metal.

3 - Em relação ao que citei inicialmente, a banda deu uma pausa nos shows para a gravação do full. O que há de concreto nisso?
(Cíntia Ventania) - É uma situação sempre bem complicada... Todas nós temos vidas “duplas”, temos nosso trabalho e estudos durante a semana, e a música nos finais de semana. Infelizmente ninguém da banda vive da música, então quando temos que fazer ensaios para fechar composições, temos que focar em  ensaios criativos visando um melhor resultado nos dias de gravação. A gravação por si são sessões longas e cansativas que também tomam boa parte do final de semana. Quando temos uma agenda de show, temos que focar em ensaiar um show, decidindo mudanças de set, se iremos tocar músicas novas, e coisas relacionadas à divulgação, logística e tudo mais. Ano passado além de termos as gravações, tínhamos também o "timing". Eu estava prestes a viajar, e a Renata também estava prestes a viajar para competir. Mas apesar de todos nossos contratempos, estamos com uma programação para atender nossa agenda de shows e finalizarmos as gravações.

4 - Cintia Ventania, baixista da banda, está há algum tempo em terras canadenses. Como fica a situação da banda em relação a isso? Uma pausa, saída definitiva ou temporária?
(Cíntia Ventania) - Bem, posso lhe dizer...  Eu é que estou respondendo à entrevista! 
Apesar de minha ausência física em terras tupiniquins, ainda sou um membro ativo da banda. E como não posso me ocupar da parte de agendamento de shows, shows e ensaios, faço o que posso para manter a banda em comunicação com sites, blogs, e afins. Atualmente estamos com o Filipe Lima, vulgo "7", fazendo o meu papel em ensaios e shows para que a banda não fique desfalcada e possa continuar a se apresentar. Como não tenho previsão de volta, nosso amigo 7 vai nos dar essa força até quando eu puder retornar. Mas o álbum está sendo gravado comigo, e como eu participei em 100% das composições do álbum, não consigo me excluir, nem temporariamente da banda... Sou apenas um membro distante.

5- Paralelamente a Scatha, algumas integrantes possuem uma banda paralela. É algo que dificulta o trabalho da banda (por questão de tempo/agenda) ou as motiva, visto que podem fazer projetos fora do que é o estilo da Scatha.
(Cíntia Ventania) - Acho que todo projeto musical que as integrantes possam ter é sempre bom para o desenvolvimento pessoal e musical de cada uma de nós. Nunca tivemos muito problema com agenda, normalmente é até bom, pois as bandas podem marcar ensaios num mesmo dia. Ou como fazíamos antigamente, tínhamos um horário fixo de ensaio no final de semana, e assim fica mais fácil de "controlar" as agendas.  Geralmente cada banda tem suas peculiaridades, e tudo se "ajeita".

6- Um full, assim como um clipe e novos shows, é algo que vai colocar a banda novamente em evidência, devido até mesmo a grande aceitação do trabalho por parte dos seguidores. Para quando podemos esperar isso?
(Cíntia Ventania) - O full é algo que depende uma parte de nós, mas também depende um pouco de nossa equipe de produção e se conseguiremos um selo ou gravadora para nos lançar. Estamos nos empenhando para finalizar as gravações ainda no primeiro semestre deste ano, mas tudo depende dessas 3 variáveis. Quanto ao clipe... Começamos a gravar ano passado, mas tivemos a mudança na formação, e as filmagens da banda teriam que ser refeitas... Estamos pensando nas melhores possibilidades de viabilizar o quanto antes.

7 - Web rádios, fanzine, blogs, assessoria, internet, bons estúdios,... É muito mais fácil atualmente tornar o trabalho aceitável com tantos recursos?
(Cíntia Ventania) - Aceitável eu não creio... Eu acredito que seja bem mais fácil fazer uma ampla divulgação de seu trabalho atualmente, com inúmeras possibilidades de publicidade com preços baixos para qualquer um. Mas, se o trabalho não for bom, de nada adianta uma propaganda... Mas os recursos estão aí! Se você tiver material para mostrar, é claro, que é muito mais fácil do que há 10 anos.

8- Como se dá o processo de criação das músicas e letras da Scatha? O que buscam abordar em seu trabalho?
(Cíntia Ventania) - Posso dizer com bastante certeza que as letras são fruto das experiências de vida em sociedade. Morando no Brasil, fica bem fácil se indignar com os abusos que sofremos diariamente. Nosso governo me dá muitas possibilidades de letras com uma carga que raiva e indignação fora do normal. Até brinco que quando estou muito feliz, fica difícil compor algo... É preciso ter alguma indignação, é preciso ter um motivador para ativar seu lado mais nervoso. Se eu for explicar o significado de cada letra da Scatha, acho que dá um livro... Quanto à criação de riffs, a Julia é a especialista. Eu crio alguns temas e linhas, ou às vezes crio riffs mais "rudimentares" e a Julia faz o aprimoramento com mais técnicas, e claro, a pegada que só ela tem! Mas o processo geral de sonoridades, harmonias e afins, são uma mistura de diferentes influências... E isso que acho muito importante na música, você conseguir colocar elementos diferentes, até mesmo culturais dentro de um estilo como o metal. É por isso que eu pessoalmente gosto muito de bandas de Rock Progressivo dos anos 70/80, pois a riqueza de elementos e cadências faz a música se tornar uma obra de arte, e isso aliado à fúria do Thrash Metal... É simplesmente foda!

9- Será um prazer tê-las no evento de aniversário da Quality Music. Deixem aqui a mensagem final da banda. Nos vemos na Planet Music \m/
(Cíntia Ventania) - Muito obrigada Vanderley pela oportunidade de participarmos do segundo aniversário da Quality Music, espero que a rádio tenha ainda muitos anos de sucesso, e que traga sempre novidades sobre nosso underground! A valorização da nossa cena é o mais importante para a nossa cultura, pois as mídias abertas não dão oportunidades para os verdadeiros artistas, que tocam por amor à música e estão aí no nosso “submundo” altamente rico de sonoridades e artistas magníficos.
Vida longa e próspera! Nos vemos na cena!
Keep thrashing!

Facebook: Scatha

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