terça-feira, 22 de julho de 2014

Entrevista: NERVOSA

Logo que ouvi falar da banda, busquei informações e corri atrás de conhecer seu som, que logo chamou a atenção. A proposta era bem interessante, mas eu percebi que não via muito se falar de shows da banda (ao menos no circuito que eu acompanhava). Então, encontro no Facebook o perfil da banda e também Fernanda Lira. Após algumas trocas de emails com a Fernanda, onde fui gentilmente respondido, estava mais próximo do que a banda andava realizando. Hora então de dividir as informações.  

1- Inicialmente gostaria que desse um resumo sobre a ideia inicial da banda, falando de sua proposta e a atual formação. 
FERNANDA: Acho que o intuito da banda sempre foi unir mulheres com a mesma paixão por fazer thrash metal! Mas, dizendo por mim, eu sempre fiz parte de bandas somente com mulheres anteriormente, sempre tive esse vontade de fazer metal com outras headbangers tão apaixonadas quanto eu pela música! Acho também que hoje em dia muita coisa já foi explorada no metal, então se você tem algo de diferente pra mostrar, acho que isso deve ser explorado. E apesar de termos grandes nomes antigas na cena com mulheres, como Valhalla por exemplo, ainda existem poucas mulheres tocando metal, se comparado ao número de bandas masculinas por aí, mesmo com as mulheres se envolvendo mais e mais no metal a cada dia de diversas maneiras diferentes. Então sempre quis fazer a minha parte pelo metal feito por mulheres por aqui, e além disso sempre acreditei no potencial que esse diferencial poderia ter. Por isso quando saí da minha última banda, tinha em mente juntar garotas pra montar uma banda de thrash só com mulheres e felizmente hoje sou muito feliz por ter a Nervosa em minha vida! É claro que o fato de sermos mulheres é apenas um diferencial que em breve não será tão diferente assim, pois hoje já posso citar no mínimo outras dez bandas de mega qualidade de metal extremo formadas apenas por mulheres, então já não é algo mais tão raro, por isso nossa proposta sempre foi e sempre será mais focada na música, porque afinal, é apenas isso que importa no fim. O público metal é muito exigente e nenhum diferencial nunca fez nenhuma banda se perpetuar, mas sim sua música, por isso nosso foco principal sempre vai ser esse. No meu caso, a vontade de tocar com outras mulheres era apenas um sonho pessoal. Quanto à formação atual, eu não poderia estar mais feliz. Somos pessoas muito parecidas no que diz respeito à sinceridade, transparência e isso é o que nos tem ajudado muito a seguir firmes, pois conosco não há frescurite, não tem joguinhos, não tem falsidade, o que uma não gosta fala pra outra, nos conversamos e nos resolvemos, isso é essencial numa banda, principalmente se formada só por mulheres. Além disso, dividimos de forma muito equilibrada as responsabilidades da banda, o que ajuda a máquina a não parar, pois todas trabalhamos de alguma forma e de maneiras diferentes pra coisa acontecer. Estamos vivendo um momento maravilhoso onde estamos felizes com as conquistas de agora, mas estamos mais ainda com energia revigorada pra viver o que o futuro guarda pra gente, estamos todas na mesma sintonia! Sem dúvida a entrada da Pitchu há cerca de um ano atrás na banda nos reenergizou muito e contribuiu muito pra toda a boa fase que estamos vivendo, pois ela além de ser muito focada e saber o que quer, como a gente, ela é uma pessoa maravilhosa e extremamente talentosa e dedicada! 

PRIKA - Em 2010 eu tocava na banda de death metal Innervoices junto com o JP (Vocal-Yekun), Gerson Tatuzão (baixo-Yekun) e Eduardo Magoo (guitarra-Desaster e Maledetos), mas a banda estava devagar pois nós estávamos sem baterista, e estava difícil encontrar um batera que estivesse a disposição e que se encaixasse na banda, então um amigo meu me apresentou a Fernanda Terra e decidimos começar uma banda de thrash, desde o começo nossos objetivos eram os mesmos de hoje, levar a sério e seguir em frente, passei quase dois anos procurando integrante para completar a banda, mas era muito difícil achar alguém que levasse a sério de verdade, mas independente disso nós já começamos compondo desde o primeiro ensaio, e em julho de 2011 já tínhamos 1 música pronta e 3 prontas faltando letra, e então encontrei a Fernanda Lira que veio a completar a banda, e mesmo antes da gente a encontrar já tínhamos um show marcado em Várzea Paulista que seria e foi, a nossa estréia ao vivo. De lá pra cá a banda não parou e pegamos um ritmo legal de shows e atividades, em outubro de 2012 a Fernanda Terra saiu da banda, mas a banda não parou, tínhamos muitos shows marcados e um CD pra gravar, e até encontrarmos a Pitchu em Fevereiro de 2013. E agora podemos dizer que a banda se completou e temos hoje uma estabilidade perfeita, a Pitchu é a batera que eu sempre procurei, gosto de trabalhar com pessoas sérias, profissional e livre de sentimentos ruins, uma pessoa tranquila e fácil de lidar.

2- Uma das coisas que curti muito, além do som da banda, foi o fato de procurarem passar a mensagem ao seu público, das questões de se focarem mais no que gostam e evitarem aquela panelinha e disse me disse no trabalho das bandas. Isso é bem exposto na música "Envious" por exemplo. O que tem a nos dizer sobre isso? 
FERNANDA: Sabemos que gente pra falar mal, pra denegrir, pra diminuir seu trabalho sempre vai ter, independente de quão honesto seu corre seja, então sempre achamos mais justo focar em quem realmente apoia a banda ou pelo menos nos respeita, do que em quem perde tempo pra ofender a gente gratuitamente, que é uma minoria, então sempre ignoramos esse tipo de gente que desconta o ódio delas na gente, como uma maneira de justificar a própria inércia, o próprio fracasso delas. Na verdade, ao invés de ignorar, eu na maioria das vezes lamento por essas pessoas, fico triste por elas. E é exatamente sobre isso que a letra da Envious fala. Nela eu digo: 'acredite no seu valor, faça melhor, não denigra os outros, tenha seus próprios méritos'. Com isso quero dizer que se as pessoas que perdem seu tempo pra criticar gratuitamente bandas ou pessoas que estão pelo menos tentando fazer algo pelo metal, usassem esse tempo e energia pra melhorarem suas qualidades, pra obter seus próprios méritos e conquistas, pra fazer algo de efetivo pro metal, teríamos uma cena ainda mais forte, unida e em paz, seguindo todo mundo junto por um ideal só, saca? Esse sempre será uma das minhas maiores premissas: o respeito dentro da cena. Todo mundo sabe que por mais que uma banda não te agrade, ela trabalhou e geralmente muito pra conquistar cada coisa que tem, então acho que deve haver respeito. Mas, mais que lamentar, tentamos ignorar. Sempre digo que críticas com fundamento, nós não só levamos em conta, como acatamos e compreendemos, mesmo que talvez a gente não concorde com aquela crítica, vamos tentar usá-la pra nos tornarmos melhores pessoas, melhores instrumentistas. Agora críticas sem argumento, apenas pra ofender, preferimos deixar de lado, pra focar nossa atenção em quem pelo menos nos respeita. 

PRIKA – Para qualquer coisa que qualquer um vá fazer nessa vida, sempre existirá aqueles que criticam sem fundamento, aqueles que te desencorajam, aqueles que te desrespeitam, aqueles que têm preconceito, enfim, não existe nenhum tipo de trabalho sem esse lado, assim como existem pessoas que vão te apoiar, vão te elogiar, fazer críticas construtivas, vão te ajudar, vão acreditar no seu trabalho, então basta a nós escolher pra que lado vamos, é simples, o lance pra mim sempre foi em me preocupar com o que eu estou fazendo e não com o que os outros estão fazendo, se cada um fizesse a sua parte e cuidasse da sua vida, tudo seria melhor, e é por esse lado que eu luto.

3- Em relação a nossa cena, ao apoio ao trabalho das bandas, o público que acompanha e dá suporte as bandas, a mídia especializada,... De que forma vocês tem encarado isso? 
FERNANDA: Nós felizmente não temos do que reclamar! Acho que aos poucos o público do metal tem aprendido a começar a valorizar as bandas nacionais como elas merecem, tem começado a perceber como temos bandas de qualidade por aqui que merecem nosso apoio. É claro que ainda estamos muito longe do ideal, mas acho que aos poucos a cena está evoluindo nesse sentido. E isso nós dizemos, também, pelo que vemos em relação a nossa banda. Percebemos um apoio muito grande com a gente, seja da galera que vai ao show, que compra merch, ou que simplesmente nos mandam uma mensagem mostrando suporte! Além disso, tenho notado um respeito muito crescente com à banda: gente que mesmo que não curta nosso som, que passou a nos respeitar, pois passamos por muitas críticas no começo, mas nos mantivemos firmes, acreditando e fazendo o corre pelo nosso trabalho, e isso mostrou às pessoas que o que fazemos, fazemos com dedicação e honestidade, isso ajudou a conquistarmos muito respeito. Quanto à mídia especializada, fico feliz com o apoio que temos tido também, levamos em conta cada nota, cada resenha, cada entrevista publicada de nós e somos muito gratas por essa força na divulgação! Eu fico muito feliz por perceber que estamos conseguindo atender às expectativas das pessoas em relação à banda, e esse é um dos maiores combustíveis pra gente seguir em frente, pelo menos eu vejo dessa maneira. 

PRIKA – Público e mídia num geral nos respeitam e admiram o nosso trabalho, e aquele lance de dizer que pagamos pra tudo rolar é mentira, não temos dinheiro e nem temos ninguém por trás da gente bancando nada. Acho que dizer uma coisa dessas, não está ofendendo apenas nós, assim como a mídia toda e todos que trabalham em volta, todo mundo sabe que a mídia do metal é guerreira e verdadeira, não tem essa de pagar, de jabá, e bla bla bla. Temos muito a agradecer o apoio que todos tem nos dado, mídia, público, fãs, bandas, etc...

4- Acompanhei recentemente que a banda esteve excursionando fora do Brasil. Por onde estiveram e como foram os shows por lá? 
FERNANDA: Fizemos na sequência dois de nossos primeiros shows fora do Brasil no início de junho. Passamos primeiramente por Bogotá, na Colômbia, onde tocamos no festival Bogothrash. Foi uma experiência incrível e muito especial, pois não sabíamos o que esperar, e quando chegamos lá fomos recebidas com muito apoio e carinho, com quase 4 mil pessoas comparecendo ao show. Foi um show muito energético, com muito moshpit, rodas, wall of death, e muito, muito apoio por parte da galera de lá! Depois veio o de Cochabamba, na Bolívia, que também foi animal! Pudemos perceber que a cena de lá é muito guerreira, pois é um país um pouco carente e mesmo assim tem muita gente que tira água de pedra pra fazer as coisas rolarem e a cena se manter viva por lá! Eles foram um incentivo muito grande pra gente continuar trabalhando muito pra fazer mais shows fora do país rolarem, e ficamos felizes em anunciar que em setembro faremos uma turnê sul-americana, afim de conhecer ainda mais headbangers do nosso continente e suas cenas!! 

PRIKA – Tocar na Colombia e Bolivia foi uma experiência incrível, eu tinha uma ideia diferente da Colômbia, e me surpreendi muito, lá eles dão muito valor para a cena local deles, fomos muito bem recebidas, povo muito educado e dedicado, um exemplo muito legal para nós. Tocamos para quase 4 mil pessoas em um local fechado, o fest pegou fogo, foi demais, parecia que éramos o Metallica, a galera com bandeira da Colômbia com o nosso logo na bandeira, o fest inteiro gritando nosso nome e tudo mais, inesquecível! Na Bolívia, como todo mundo sabe tudo rola na garra, eles são muito simples e muito guerreiros, tiram leite de pedra mesmo! Mas também foram muito respeitosos, e gostaram muito do nosso show. Sem dúvidas esses dois shows serão inesquecíveis para gente.

5- Como se dá a criação do material de vocês? Em que procuram se inspirar e que tipo de mensagem querem levar a seu público? 
FERNANDA: Eu particularmente gosto de compor músicas que eu gostaria de ouvir, acredito que as meninas também. Particularmente, pra mim as composições são um misto de nossas maiores influências, e como ouvimos muita coisa, nossas inspirações vêm de muitos lugares. É claro que sempre busco inserir o máximo de personalidade nas minhas composições, tento deixá-las com a maior cara de 'Nervosa' possível, mas mesmo assim, você pode ouvir claramente minhas influências nas músicas com minhas contribuições, que são principalmente nas bandas de thrash dos anos 80 e as de death dos anos 90, essas são sem dúvida minhas maiores influências! Quanto ao processo de composição é sempre muito orgânico e muito bem equilibrado: não há uma música sequer que não haja contribuição de todas nós. Uma vem com um riff, a outra aperfeiçoa e dá continuidade. Uma vem com a estrutura de uma música pronta, e todas opinam em como melhorá-la, enfim, sempre trabalhamos juntas em cima das idéias iniciais que uma de nós traz, pra que a música fique o mais completa possível, e também par que ela represente bem a sonoridade da Nervosa, que é o resultado de um trabalho em conjunto muito forte! 

PRIKA – Cada uma tem uma maneira diferente de compor, porque cada uma compõe com o seu próprio instrumento, cada uma tem um gosto diferente, porém temos nossos pontos em comum. Quando eu vou compor, procuro não pensar em nada para que não saia parecido com nada que existe, pelo menos tento não ser proposital, procuro pegada em um riff que me agrade, sempre misturando o melhor do thrash e death metal, porém sempre depois da música terminada, sempre dou umas incrementadas com técnicas de palhetadas e outras coisas, o lance é ir lapidando a música até chegar no ideal. Quanto as letras, somos bem realistas e falamos apenas sobre realidade, a mensagem desse disco é expressada em cada letra, pois cada música tem um conceito e uma ideia, “Victim of Yourself” já é uma ideia geral, de vítima de si mesmo, ou seja, tudo o que você faz voltará para você. 

6- O CD "Victim Of yourself", ao que pude ler de resenhas na net e por algumas faixas que tive acesso, parecem ter marcado uma nova e promissora fase para banda, onde vê se firmando e escrevendo o nome NERVOSA como um dos grandes representantes da cena metálica nacional. O que esperavam de resultados desse trabalho e de fato como foi a recepção de seus fãs? 
FERNANDA: Primeiramente, fico lisonjeada com as suas palavras, e além disso, fico muito grata e me sinto realizada com o feedback que tem rolado. Somos uma banda que trabalha muito, que devota boa parte de suas vidas à banda, e além disso, planejamos e fazemos tudo com muita calma, cuidado e minúcia, porque queremos que tudo saia da melhor maneira possível. Por isso, naturalmente sempre esperamos colher bons frutos do nosso trampo, mas felizmente sempre acabam rolando surpresas. Eu particularmente gosto muito de acompanhar as redes sociais da banda e também de manter um laço bem estreito com as mídias que publicam algo sobre nós, ou que falam sobre a gente, e o que pude perceber, através de mensagens de apoio e também críticas, é que o álbum atingiu às expectativas de quem estava aguardando por ele, e isso para nós é muito bacana! Sabíamos que havia uma certa expectativa quanto ao nosso debut, e por isso trabalhamos muito para fazer nosso melhor. Sabemos que temos muito pra evoluir, mas ficamos muito satisfeitas com esse nosso primeiro trabalho! 

PRIKA – Trabalhamos muito nele, mas tivemos muitos contratempos desde o término das composições até o lançamento, ficamos felizes que no final deu tudo certo e que todo nosso esforço tenha valido a pena. Mas o feedback me surpreendeu muito, não achava que as pessoas iriam se surpreender tanto, eu sempre quero o melhor, mas a expectativa versos realidade nem sempre são essas, mas pra mim superou minhas expectativas e tem sido renovador de energias, e não vejo a hora de partir para o próximo disco, tentar superar, e novas idéias já estão me matando. 

7- A medida que a banda cresce, deve ser cada vez mais complicado conciliar tempo pra correria diária da vida. Que tipo de tática usam para ajustar as agendas e poder lidar com isso? 
FERNANDA: Todas nós ajustamos nossas outras atividades pra poder se focar mais na banda. Eu por exemplo, dou aulas de Inglês, tenho um programa de rádio e uma produtora de vídeos low cost pra bandas underground, são muitas atividades, mas todas elas flexíveis e que me permitem dedicar muito à banda. Hoje, mesmo que não seja minha maior fonte de renda, a banda é a atividade que eu foco mais tempo, que eu mais me devoto, que é minha prioridade, e felizmente minhas outras atividades vão se adaptando às coisas que a banda exige.

PRIKA – A minha última tática foi pedir demissão do meu emprego...hahaha.. Não dava para conciliar, trabalhar em uma empresa com horário comercial é impossível, onde seu objetivo é decolar com a banda, eu fui até onde deu, hoje minha única prioridade é a banda, não sei até quando vou conseguir sustentar isso, pois sabemos como é ser músico no Brasil, ainda mais do rock/metal. Mas estou batalhando com todas as forças para isso se manter e investindo tudo o que posso para continuar.

8- Existe solução para o heavy metal nacional se fortalecer mais em termos de estrutura e apoio? Por que a geração mais nova se prende mais no metal via internet e tem comparecido pouco aos shows? O underground È culpado? 
FERNANDA: A primeira coisa que me vem a mente é respeito e um pouco mais de união, somos todos parte de uma coisa só que é o metal, e quando mais desavença e rixinha houver, mais difícil a coisa fica, se todo mundo deixar as diferenças e a competição de lado, pra realmente caminharmos todo na mesma direção, ou seja, pra fortalecer a cena, acho que ela seria muito mais forte! Acho também que muita gente acha que apoiar a cena é só compartilhar vídeo da banda na internet ou curtir um post dela, esquecendo que ir ao show, comprar merch, indicar aos amigos é infinitamente mais importante, mas não acho que a internet seja uma vilã também, pois o público do metal é um público consumidor, e ela ajudou muito a fazer com que as pessoas tenham um primeiro contato com a banda, ver se gosta, antes de comprar material, acho que é um bom divulgador da música. Mas tem que se mudar a mentalidade de que apoiar só ali na internet é suficiente, isso é um processo que envolve muitos fatores. Um deles é sim a falta de qualidade, de seriedade , de profissionalismo em algumas realizações, sejam ela em eventos, na mídia especializada, etc. Com a Nervosa tivemos a oportunidade de conhecer produtores maravilhosos, gente muito comprometida em fazer do metal algo sempre melhor, mas sabemos também que tem muita gente que faz as coisas sem muito profissionalismo. É claro que sei que muita gente tira água de pedra pra fazer as coisas acontecerem, porque quase sempre há pouco ou zero lucro e muito menos apoio, mas algumas pequenas atitudes podem facilitar as coisas, como buscar novas maneiras de divulgação, como a busca por parcerias, enfim. Quando o produto final for de qualidade, ele é irresistível, e isso atrai e cativa muito mais o público. Muita gente dessa nova geração não quer ouvir bandas com má qualidade de produção, não quer ir a show com estrutura precária, não quer acompanhar um veículo feito nas coxas, então acredito que seja um ciclo. Se todos nós buscarmos sempre fazer as coisas com o máximo de qualidade, o apoio vai aumentar e com isso a cena vai crescer e se fortalecer, acho que é um ciclo! 

PRIKA - Eu tenho uma visão um pouco diferente da maioria, eu acho que não é uma questão de público que não apóia ou desunião. Acho que é uma questão econômica do nosso país, é fácil falar que o público não vai aos shows e fica só na internet, mas você sabe qual é a situação financeira de cada um? Hoje não sobra dinheiro pra nada, os preços estão absurdamente altos, principalmente em São Paulo, o pouco de dinheiro que sobra o headbanger tem que escolher um show por mês pra ir e só dá pra comprar um CD se ele tiver sorte e olhe lá. É fácil apoiar a cena quando você tem muito dinheiro, porque aí você vai em vários shows e compra vários materiais de várias bandas, ótimo pra quem pode! Outro motivo também é não se adequar a nova era, o lance de cartas, gravadoras e vendas extraordinárias de discos, não existe mais e não funciona mais! Se você souber trabalhar com as ferramentas que temos hoje em dia, como exemplo a internet, sua banda pode ter muitos mais fãs do que você imagina. Só acho que ficar buscando culpados e motivos não vai melhorar nada, temos que buscar novos meios, buscar novas idéias, novos jeitos de fazer acontecer e trabalhar a nosso favor, uma coisa que se deve melhorar é o respeito, diferença de opiniões e gostos, tem que saber lidar com isso com respeito. Temos muitas coisas a nosso favor, e digo isso como uma cena, temos muitas bandas ótimas com trabalhos excelentes tanto em qualidade de trabalho físico como musical, temos muitos produtores sérios e bons, precisamos de mais lugares para tocar e uma estrutura de equipamentos e local melhores. Movimentar a cena é sempre buscar algo pra fazer e contribuir, e não ficar somente achando os defeitos. 

9- Agradeço a atenção mais uma vez e deixo o espaço aberto para a mensagem final da NERVOSA aos que acompanham o nosso trabalho. 
FERNANDA: Muito obrigada pela oportunidade de falar sobre nosso trampo, e parabéns pelo seu trabalho, a cena num geral precisa dessa força! A todo mundo que acompanha a rádio e a banda, continuem sempre dando seu máximo pra não só apoiar, como fazer sua parte pelo metal, somos todos peças essenciais pra manter o legado do metal vivo! Valeu!

PRIKA – Obrigada pelo espaço e por acreditar em nosso trabalho. Agradeço a todos os leitores e torço para que todos continuem apoiando a nossa cena e nunca deixem se desanimar pelos obstáculos, pois nada nessa vida é fácil e somos todos guerreiros. Obrigada!

Links da banda:
Website
Youtube
Facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário