quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Entrevista: Nacionarquia


Explorando o metal numa critica aberta aos problemas sociais e políticos, cantados em português, cientes da falta de uma postura maior do povo brasleiro, a banda NACIONARQUIA é e entrevistada da vez.


1- A banda foi criada em 2007 e de lá para cá muita coisa rolou. Gostaria que começassem descrevendo o objetivo inicial da banda e ainda sua atual formação.
A banda teve, desde o início, três objetivos principais, que são a conscientização social e política do povo brasileiro (independente da ideologia de cada um neste aspecto, pois levantamos questões que achamos serem comuns a qualquer ideologia sócio-política), a exploração do metal nacional com dois vocais e cantado em português (desta forma viabilizando o alcance do primeiro objetivo) e a exploração de temas que permitissem trazer uma reflexão sobre aspectos humanos e antropológicos da história do povo brasileiro, buscando suas raízes e analisando como a história da sociedade brasileira tem considerado ou desconsiderado esses aspectos. Este último objetivo não foi englobado no primeiro trabalho da banda, mas pretendemos ainda explorar estes temas em trabalhos posteriores.
A formação atual da banda é: Dan (voz), Funai (voz), Magriça (baixo), Roger Baccelli (guita), Bruno Vianna (guita), Rodrigo Abelha (batera)

2- Em 2011, já com certa bagagem e estrada, a banda chega ao registro de seu primeiro trabalho, denominado "América Latrina" (CD que considero com uma capa e título muito apropriados ao conteúdo das letras). Fale nos sobre a criação deste CD e como foi a sua recepção em termos de crítica especializada.
Todos os músicos tiveram parte na composição dos arranjos finais das músicas, mas elas foram basicamente idealizadas pelo Funai e eu no que se refere às letras, e pelo Roger, que entrou com os riffs e linhas base de guita, baixo e batera. A parte musical de Prece Para o Diabo veio toda do Bruno. Foi bem bacana o processo de composição, mas para um próximo trabalho nós queremos compôr todos juntos. Todo mundo compondo tudo. O álbum foi gravado em 2011, porem só conseguimos lançá-lo em 2013, devido a problemas de formação e imprevistos durante as gravações. Felizmente a recepção tanto por parte da crítica especializada, quanto por parte do público tem sido muito positiva. Por exemplo, as releases do álbum nos veículos de mídia especializada tem arrancado vários sorrisos nossos. A música "Por Que Não?" ganhou uma versão do grupo de teatro Tribo Urbana, do SESC e recebemos algumas fotos de pessoas em outras capitais do Brasil que levantaram cartazes com dizeres da banda durante a onda de manifestações promovidas pelo Movimento Passe Livre, em Junho. Tudo isso nos motiva a continuar o trabalho e pensar em outras composições. 

3- Mudança de formação também já foi parte da história de vocês, assim como inúmeras bandas passam por isso. Como é conciliar a vida com tempo para banda e toda a correria diária que a vida exige?
Com certeza as coisas teriam andado um pouco mais rápido conosco se não tivéssemos passado pelos problemas de formação. Por outro lado, não teríamos tocado com pessoas que vestiram a camisa da banda e agregaram bastante à sonoridade tanto ao vivo, como durante a gravação do álbum, se não tivéssemos tido esses problemas. Quanto a conciliar a banda com o corre diário, é algo que fazemos com gosto e não não vamos reclamar pra não entrar numas de vitimização. Todos sabemos que o metal não é uma indústria milionária no Brasil e quem está disposto a fazer metal aqui não pode esperar nada a além de um grande investimento de tempo, dinheiro, dedicação e perseverança.

4- Porque a opção de cantar em português? Por combinar melhor com nossas críticas sociais, para maior facilidade ao recado emitido ou apenas uma escolha sem motivo maior?
Exatamente por conta do teor das letras da banda. Temos uma mensagem a transmitir e temos um público-alvo muito bem definido. Se falamos de uma realidade da sociedade brasileira não faz o menor sentido mandar essa mensagem em algum outro idioma que não o Português, a não ser que pensássemos sobre o aspecto comercial da música e tentássemos alcançar o mercado do metal no exterior, mas não é esse o caso.

5- Como estão os shows que a banda tem participado? A Nacionarquia encara de que forma a estrutura dos eventos, público e como o público tem recebido vocês?
Como toda banda de metal aqui, estamos acostumados a tocar pra pouco público e em eventos com estrutura precária. Obviamente não achamos que isso é o ideal, mas não vou reclamar de nada, pois a cena underground aqui se movimenta graças ao trabalho de quem quer fazer acontecer, e quem quer faz acontecer, mesmo sem estrutura e com pouco público. Se alguém acha que a cena tem pouco público, acho que cabe a essa pessoa fazer a sua parte pra trazer mais público pros eventos ao invés de reclamar que o público não quer pagar pra ver bandas nacionais. Já aconteceu de viajarmos 500 km pra tocar pra 6 pessoas, mas no dia seguinte estávamos num churrasco na casa de uma dessas pessoas e essas pessoas viajaram 500 km pra vir na festa de lançamento do CD. Olha ai um exemplo. No momento, temos grandes nomes fazendo a cena acontecer, como é o caso da Sandra Marques e seu projeto Brasil União Rock, ou do Carlos que está fazendo um trabalho excepcional com o Rock In Rua no ABC. Esse pessoal com certeza pode contar conosco pro que precisar, desde tocar até carregar equipo, ajudar na divulgação, na estrutura, etc.

6- Quais são os planos mais próximos que a banda tem para realizar? O que pode nos adiantar sobre isso?
No momento o plano é um só: Divulgar o álbum América Latrina. Isso quer dizer que não recusaremos chances de tocar e tentaremos intercâmbios com outras bandas pra ir pra outros estados e também trazer essas bandas pra Sampa num esquema de cooperação mútua.

7- Cover e autoral, uma polêmica atual. O que a banda pensa sobre isso?
No momento nós não tocamos covers, mas nada contra eles. O negócio é que muitas vezes temos pouco tempo de palco e até mesmo músicas nossas acabam tendo que ser limadas do set. Como nossa prioridade é divulgar nosso trampo, priorizamos nossas músicas. A medida que formos ganhando tempo de palco, pretendemos incluir no set versões de músicas e bandas que exercem forte influência na sonoridade e na temática da Nacionarquia. Agora, se a pergunta se refere ao tema: Bandas covers VS bandas autorais, não acho que deve haver qualquer rivalidade aqui. Encaro as bandas covers como uma grande ajuda para as bandas autorais promoverem seus trabalhos.

8- O heavy metal nacional ao meu ver se divide em duas fases: A vitória de grandes nomes como Overdose, Chakal, Korzus, Vulcano, Viper, Azul Limão Krisiun e tantos outros e agora, uma nova safra de bandas de qualidade, mas aparentemente com maior dificuldade, talvez devido a um número maior de bandas em atuação. Como vocês opinam sobre isto?
Unidos venceremos, divididos cairemos. Os gigantes que você mencionou escreveram sua parte na história do metal nacional graças à união e cooperação que conseguiram entre eles, em seu tempo. Cabe a nós fazermos o mesmo hoje, e eu não diria que temos mais dificuldades. Acho que pelo contrário, ao meu ver temos muito mais facilidades (estamos na era da informação) e também muito mais pre-conceitos. Eu me explico: na década de oitenta era comum ver flyers de eventos com bandas de metal, punk rock e bandas Oi e você ia no evento (eu cheguei a pegar alguns assim, no início da década de 90) com headbangers, carecas, skins, punks, anarco-punks, tudo junto num lugar só. Acho que essa união só tende a fortalecer a cena.

9- A Nacionarquia tem conseguido alcançar bons caminhos nas redes sociais? Como essa facilidade de divulgação tem sido positivo para vocês?
A internet e as redes sociais com certeza são o grande trunfo de bandas como a nossa. Nós já conseguimos muitos shows, espaços na mídia especializada e ouvintes graças a essa facilidade de divulgação, mas com certeza ainda não esprememos a internet o suficiente. Quanto mais a utilizamos, mas possibilidades vemos para conseguir coisas diferentes por meio das redes sociais.

10- Deixo agora o espaço para a mensagem final da banda aos que acompanham este trabalho.
Fico com um trecho da letra da música Revolução:
"Um homem de verdade vive de acordo com seus ideais... ou morre por eles"

Facebook: Nacionarquia

3 comentários:

  1. Mais uma vez querido Vanderley , passando por aqui pra dizer que precisamos de mais pessoas como você !
    Valeu pelo apoio, pela força , pelo respeito que tem pela nossa cena nacional !!
    Grande Abraço

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  2. Obrigado ao pessoal da Quality Music Web Radio por todo o trabalho que vêm desenvolvendo em prol do som autoral independente!

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