Com seu estilo Pagan Black Metal, a horda carioca Pagan Throne, vem fazendo um trabalho brutal, com muita qualidade e certamente assim, vai deixar seu nome gravado de uma forma vitoriosa para sempre na cena metálica nacional. Não é apenas mais um na cena, não tem a mesmice que muitos apresentam. Confira abaixo um pouco de sua história e corra atrás de conferir os trabalhos já lançados pela banda.
1- Gostaria que começassem definindo o heavy metal nacional e para vocês, o que anda se destacando nele?
Hage - O Brasil tem inúmeras bandas com trabalhos de qualidade, abrangendo todos os sub-estilos do rock. Uma pena safras e safras de artistas não serem aproveitados para enriquecer a cena. É muito difícil conseguir destaque no país, por conta da cultura (ou de sua falta!) e a questão da massificação do gosto popular pelas gravadoras e selos. Se falássemos destaques que conhecemos, seríamos injustos com outras bandas que ainda estão no oculto e com muito talento hehehe. Mas acredito que isso mude e que o Brasil invista mais em seus artistas. Além de necessário, todos gostaríamos muito!
2- Conte-nos um pouco sobre a formação da banda e como foi a ideia que se transformou no trabalho que realiza o Pagan Throne.
Daemortiis - Essa é uma ótima pergunta, chegar aqui foi uma longa jornada. De fato acho que a maior dificuldade pra qualquer conjunto, é conseguir "sintonizar" os diferentes pontos de vista presentes dentro da banda; pontos de vista musicais, ideológicos, psicológicos... Passamos muito tempo juntos quando estamos na estrada, em estúdios, gravações, etc... Acho que a receita do sucesso que conseguimos com essa formação, é exatamente a capacidade de lidar com nossas diferenças de forma positiva. Sobre nosso trabalho, uma das maiores e talvez uma das melhores características do Pagan Throne é a forma que rótulos nos incomodam. O Pagan Throne não é uma religião, não é uma seita. Somos uma banda e fazemos música! Nosso trabalho não é participar de nenhum tipo de apologia, entendemos que nossa música é livre. Falamos de historia geral, cultura, mitologia, misticismo, sobre honra e gloria de batalhas e sobre a cultura pagã ao redor do mundo. E mais uma vez falando sobre essa questão da liberdade, além de ideológica ela também é musical... Algo que para qualquer pessoa que escutar nossos discos, isso vai ficar muito claro. Nosso objetivo é que nossa música possa proporcionar uma experiência positiva, agradável. Por isso nos sentimos muito livres dentre todos os segmentos do metal; de forma que possamos trabalhar em cima de um heavy ou de um extremo sem perder nossa autenticidade.
3- Recentemente lançaram o "Swords of blood", ao qual pude lançar uma resenha no site da Quality Music e realmente fiquei impressionado com o grandioso trabalho. O que esse registro trouxe para banda e como foi a receptividade?
Daemortiis - Com certeza estar em estúdio gravando é uma experiência muito positiva pra qualquer músico. "Swords of blood" em especial teve uma gravação muito tranquila; tudo foi bastante natural, e de fato estamos muito satisfeitos com a receptividade do nosso publico com o lançamento de "Swords of blood". Com a facilidade de se conseguir material nos dias de hoje, de uma forma geral, o público do metal está cada vez mais exigente a respeito da qualidade de áudio/ imagem / vídeo.. Esses depoimentos positivos sobre nosso trabalho são realmente muito gratificantes.
4- Muitas bandas nacionais de metal têm imenso potencial, como o próprio Pagan Throne. Como vocês encaram as dificuldades da cena nacional em termos estruturais? Acham que bandas são prejudicadas por isso ou o amor à causa encobre muitas dessas deficiências?
Hage - Com essa pergunta, posso complementar a primeira... Quando você diz que "muitas bandas nacionais de metal têm imenso potencial", nós somos incluídos, lógico, mas posso garantir que o Pagan Throne, assim como as outras, ignoram o fato da estrutura, que é, quase sempre, um grande problema. Para um show underground no Brasil, poucos produtores e organizadores concentram seus esforços para que o músico possa expor seu trabalho de maneira, pelo menos, justa! Inúmeras foram as vezes em que passamos por dificuldades para conseguir tocar de maneira digna para o nosso público, que é muito fiel! Acho que por conta disso, quem mais ignora a falta de estrutura é o próprio público hahaha.
5- O mundo atual vai agora deixando de lado também os CD's na forma física. Downloads piratas, músicas compradas no site e algumas outras formas de divulgação vêm tomando o mercado. Como acham que poderiam suprir uma forma de trazer recursos para as bandas?
Hage - Sempre compramos os CDs das bandas e artistas que admiramos, mesmo com a internet estreitando o caminho para conseguir músicas. Isso é coisa de fã mesmo, colecionador, de querer tudo arrumado ali, original, ajudando de alguma forma. Agora, com a maior facilidade de acesso ao trabalho produzido, quem ganha é a própria banda: por exemplo, na Rússia, além de sermos pirateados, estamos no Top10 em diversos sites! Isso aconteceu por quê? Algum russo comprou nosso álbum ou pirateou nossas músicas? Na verdade, não importa. Estamos lá, e seja qual for o meio de divulgação, acaba sendo um investimento espontâneo.
6- O estilo destilado pelo Pagan Throne, é Pagan Black Metal. Como o Brasil está em relação ao estilo e como está o estilo por todo o mundo?
Daemortiis – Então, falando um pouco mais sobre esse assunto, acho que o Brasil e o mundo estão muito bem representados tanto por bandas quanto por seus respectivos públicos. Agora sobre o trabalho executado pelo Pagan Throne é importante falar mais uma vez que independente de rótulos procuramos trabalhar nossa criatividade de forma livre na criação de letras e arranjos musicais.
Hage - O som que escolhemos trabalhar nos dá total liberdade dentro do rock em geral. O Rock é isso, liberdade para criar. Não ficamos presos a uma batida específica ou a levadas que caracterizam um estilo único, ainda mais com os integrantes da banda, que são bem diversificados no gosto musical e têm inúmeras influências.
7- O trabalho da banda imagino eu, vem angariando novos seguidores a cada novidade, a cada novo passo nessa estrada que a banda vem trilhando. Do início da banda até hoje, como vocês avaliam essa trajetória?
Daemortiis - Acho que isso tudo é fruto de muito trabalho, quem já teve oportunidade de saber um pouco mais sobre a banda vai perceber que sempre tivemos um “compromisso” com nosso público no sentido de apresentar um conteúdo realmente sincero e de qualidade. É um trabalho que se estende além dos palcos, é um estilo de vida. E com certeza é uma parte muito bacana do processo ter oportunidade de conversar com pessoas, trocar idéias... além de profissional é uma trajetória muito pessoal.
8- Como se dá a construção do material de vocês? E como conciliam tempo para a vida corrida e a exigência de tempo que uma banda sempre necessita?
Daemortiis – Todos os integrantes têm contato diário, debatemos idéias, planos, tudo relacionado à banda. É aí que começa o trabalho de fato; quando chegamos ao estúdio as coisas vão acontecendo naturalmente, tudo vai tomando seus lugares. Algo que não dá pra negar é que todos nós vivemos vidas duplas. Todos na banda sem exceção temos outros trabalhos relacionados à música ou não. E de fato é um estilo de vida que exige muito, que cobra muito. Já perdi as contas de quantas vezes algum de nós estava em uma reunião de negócios durante a tarde e a noite estava fazendo um show em outra cidade a quilômetros de distância. É um estilo de vida, todos nós acreditamos na causa e damos nosso sangue e nosso suor por essa bandeira.
9- O que há de concreto para um novo trabalho do Pagan Throne? Pode nos adiantar algo?
Daemortiis – Ainda é um pouco cedo pra falar sobre nosso próximo trabalho, porém concreto de fato é que ele vai existir! Estamos empenhados na tour do “Swords of blood” e gostaríamos muito de estender até além das fronteiras brasileiras. Agora podemos adiantar que estamos trabalhando em nosso próximo clipe. Aguardem...
10- Finalizamos por aqui com a mensagem do Pagan Throne aos que acompanham nossos trabalhos.
Daemortiis – Algo que eu já disse em outras entrevistas que eu nunca me canso de dizer, é que somos gratos a cada uma das pessoas que nos apóia. A cada uma das pessoas que acredita no nosso trabalho. A cada um de vocês que de alguma forma contribui em nosso benefício... Todos vocês fazem parte dessa batalha! Obrigado!
Hage - O Pagan Throne surge num mundo fraco para torná-lo bravo guerreiro! Venham conosco para essa conquista!
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