quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Entrevista: Doctor Maiden

Houve um período em que bandas covers passaram a ser bastante criticadas, independente de sua qualidade. Particularmente, penso que quando bem executada, quando feita como tributo, paixão e seriedade, os covers trazem um atrativo muito grande, assim como trazem responsabilidade ao executante. Um dos trabalhos que chamam minha atenção hoje é alvo de entrevista da Quality Music. Vamos conhecer um pouco mais do que pensam os integrantes do Doctor Maiden, cover do... Rsrs, sim, da donzela de ferro, Iron Maiden.

1- Iniciarei perguntando como surgiu a ideia, o projeto, a vontade de se criar o Doctor Maiden? A  quanto tempo existe a sua formação?
Daniel Accioly: Sou o mais novo da banda. Tive a oportunidade de acompanhar o reativamento do projeto, o que foi um barato por existir uma vontade de todos estarem juntos de novo fazendo acontecer.
Rodrigo Neves: O projeto existe desde 2009, Eu, Guilherme e o Leo tínhamos uma banda com um som um pouco para o lado do metal progressivo. Um dia, vimos que nos afastamos bastante por compromissos pessoais e a música chamava. Chegamos a conclusão que íamos interromper o projeto e seguir com uma banda de tributo ao Iron. A coisa começou um pouco na brincadeira e se tornou séria aos poucos. Sabemos que o público de heavy metal é muito exigente, neste caso, nos empenhamos ao máximo para atender as expectativas do público, que por sua vez, foi sugerindo e a gente foi buscando sempre melhorar e melhorar. E sim, esse trabalho é de fã para fã.
Guilherme DeLucchi: A nossa história com a música e com o Maiden começa ha vários anos atrás quando ainda cursávamos o ensino médio, onde conheci o Rodrigo. Sempre uniformizados e não com o uniforme do colégio, mas sim com nossas blusas do Maiden, a paixão pela donzela naquela época já era evidente e desde então a música nos uniu e levou a diversos projetos, um deles veio mais tarde a se transformar na Doctor Maiden que todos conhecem hoje.
Ricardo Bunn: Eu conheci o Rodrigo numa empresa em que trabalhamos juntos. Surgiu um papo de tocar numa festa da empresa, começamos a falar sobre gostos musicais e o Iron Maiden estava lá em comum. Lembro que falamos da música Moonchild e ele me apresentou ao Leo e ao Guilherme e transformamos num tributo ao Iron.

2- Através da Quality Music já tive a oportunidade de organizar um evento que contava com a participação de vocês e pude ver o quanto a qualidade e paixão está alí impregnada nesse trabalho. Como é estar no palco vendo uma platéia incendiando o show junto com a banda? Por vezes devem se empolgar mais do que eles, não é?
Daniel: Foi realmente um barato tocar na Metal On Planet III, pois além de estreitar o contato com você, conhecemos a Spiritual Void, banda que volta e meia está conosco. Esse projeto só se justifica porque gostamos mesmo de Iron. É uma escola de música, pois além de trabalhar com o que há de mais refinado de metal, flerta com outras vertentes do rock. Sobre o público, ele é fundamental, joga junto com a banda. O repertório é pensado neles e todas as nossas experimentações levam em consideração o retorno deles.
Rodrigo: Como disse acima, o trabalho é de fã para fã. Não há nada mais gratificante do que você se esforçar, estudar técnicas e se sacrificar em tempo e ensaio, tudo mais, e na hora de executar uma música, ver que você passou a mensagem como ela deve ser passada. Quando vê o reconhecimento da galera e que canta junto com você. É uma energia muito boa e contagia a banda toda também. Além da amizade dos integrantes, o que movimenta a banda é esse feedback. Estar no palco com a Doctor Maiden, para mim, se tornou um momento único. É um momento em que todos da banda se divertem, podem ver que por mais que hajam problemas no palco ou no som, o tom de brincadeira sempre está no ar, e essa diversão esperamos contagiar o público. Isso faz parte, o projeto tem que ser prazeroso, não pode jamais perder a seriedade e tão pouco perder sua diversão. Tentamos achar sempre o "equilíbrio" acho que essa palavra define bem.
Guilherme: É sempre prazeroso ver o público se dedicando tanto quanto você. Quando eles cantam a música toda, vibram com um riff e com um solo, com as viradas da bateria e com o estalado dos baixos é sinal de que a mensagem está sendo passada, e isso cria uma sinergia incrível entre a banda e o público.
Bunn: Antes de banda, somos fãs também. Se nos divertimos, se fazemos a coisa direitinho, o público reage bem. É muito empolgante ver a galera pulando. A gente não joga sozinho, o público também faz o show. E por isso que nos preocupamos sempre com as músicas, o set, os detalhes... Tudo pra levar a melhor experiência pra aquele cara que foi ali querendo ouvir uma bela reprodução da sua banda preferida. Estar no palco é uma terapia, é um clímax, é algo que sei lá se consigo descrever... só digo que é MUITO BOM!!!

3- O que o Doctor Maiden tem previsto para um futuro próximo? Algum tributo, algo que possam adiantar?
Daniel: Estamos estruturando um projeto de mídia muito interessante, mas para o qual não podemos dar nenhum detalhe ainda. Mas como compensação,  a gente revela aqui em primeira mão no momento oportuno.
Guilherme: Eddie nos proibiu de falar sobre isso, a cláusula 666 não deixa a gente estragar surpresas.
Bunn: Sempre pensamos em temáticas diferentes para os shows, dependendo das ocasiões. Também estamos preparando mais conteúdo digital mas... em breve será revelado hehhe. O que podemos adiantar é que a nova música Speed of Light já faz parte do nosso repertório e será "lançada" no próximo show.

4- Como tem sido a receptividade da banda da mídia especializada, como estão os shows em termos de abrangência, novos admiradores, parcerias?
Daniel: Estamos conseguindo conquistar um espaço bastante inesperado, pois no lugar de recebermos convites para eventos mais fechados dentro do conceito “tributo” tem ocorrido de estarmos juntos com bandas autorais que estão desbravando a cena, como a Melyra. Isso faz com que cheguemos a um outro público, que está com o peito preparado para coisas novas mas tem a oportunidade de mesclar essa experiência com o clássico, tudo na mesma noite. E tem funcionado muito bem. Isso tem feito com que a banda esteja sendo conhecida e recebido a preferência de produtores importantes na cena carioca, como o DJ Terror (Subúrbio Alternativo), Theddy eTony (Saloon 79), Glaucio (Maestrina), Allan Morais (Nallas), Marcelo Reis (Rock Experience, ex-Rio Rock & Blues). Uma conquista muito emblemática inclusive foi o show da banda ter sido eleito um dos 5 melhores do ano de 2014 no antigo Rio Rock & Blues, prêmio inédito para uma banda de tributo e que mostra que tem espaço para esse tipo de trabalho. (vídeo da premiação: https://www.youtube.com/watch?v=Wr7RXHKzP_I
Bunn:  Sem dúvidas o reconhecimento vem chegando devido ao nosso trabalho, seja através de prêmios, curtidas na página e comentários. Nossos fãs vêm aumentando, acredito que seguimos caminhando bem, em constante evolução e nos consolidando como uma referência de 'banda tributo'.  A chamada "cena" fica a cada dia mais exigente, por isso buscamos sempre evoluir.

5- A correria diária afeta bastante os integrantes de bandas no Brasil e o tempo que geralmente sobra, existe famÌlia, namoradas, viagens, planos individuais,... Como conciliar tudo isso?
Daniel: Criando metas realistas. No nosso caso, temos um planejamento muito segmentado. Não adianta achar que se recebermos convites para lotar todos os finais de semana de um mês que vamos conseguir. Nossos shows são oportunos e leva em consideração todos os fatores que você citou, além de abrangência geográfica, o que está rolando na cidade no dia, meteorologia... o planejamento é mais importante que tocar, sem dúvidas.
Rodrigo: A banda é estruturada pela amizade, somos uma família. Sempre tentamos levar tudo de forma que não prejudique nenhum integrante. Mas é muito difícil não acontecer um dia em que alguém tenha que abrir mão de uma coisa ou outra, faz parte. Temos todo um cuidado em planejar as metas e as coisas da banda para não afetar a vida pessoal de cada um, ao mesmo tempo vimos que a banda se tornou uma parte da vida pessoal de cada um. Parece confuso, mas depois que criamos esse vínculo de amizade isso passou a ser normal.
Guilherme: A banda já é algo tão presente nas nossas vidas e a tanto tempo, que não chega a atrapalhar. Está no sangue. E nossas famílias sempre nos apoiam, minhas esposa ta sempre com a gente, e isso é importante para que a gente possa realizar um ótimo trabalho.
Bunn: Sempre tendo em mente que o "melhor" é o que for para os 5 integrantes. Todos somos amigos antes de parceiros de banda. E sempre planejamos tudo para que as datas não conflitem. Não é simples mas é um jogo de cintura, e com paciência e muito bom humor, resolvemos tudo. Se você for a um ensaio nosso, vai rir junto com a gente. Esse clima de diversão transcende os limites da amizade e musicalidade, fundindo tudo em uma coisa mágica e preciosa.

Eu com o Doctor Maiden, num show deles organizado pela Quality Music
6- Gostaria que citassem qual o integrante do próprio Iron Maiden, que mais se destaca para vocês e isso vale tambêm para o CD de maior destaque (sei que essa È difÌcil de responder, mas achem entre sí (se possÌvel hahaha) uma resposta.
Daniel: Steve Harris é meu professor. Mas vou destacar o Nicko pela sua precisão e criatividade. Acho que ele é até pouco titado nos debates sobre virtuosos, mas ele certamente é tão relevante para o rock como um todo quanto Dave Grohl, Lars Ulrich, Chad Smith... e álbum, eu tenho um carinho especial pelo “Seventh Son”. Não existe nenhum trabalho similar no planeta.
Rodrigo: Acho que cada integrante tem o seu talento contribuindo para um todo. Na saída do Bruce Dickinson, percebemos uma coisa, ele mesmo citou isso em uma entrevista. Que ele, na carreira solo, não conseguia chegar num patamar tão alto quanto o do Iron, e o próprio Iron sem ele só esteve em declínio. Ou seja, disso tiramos que para ter essa "máquina" do heavy metal funcionar, cada um ali tem q fazer o seu papel e contribuir com o seu talento da melhor forma. O Iron Maiden é o resultado do trabalho duro de 6 caras que dão o seu melhor. Mas se é para citar algum, eu cito o Bruce Dickinson.
Guilherme: Todos influenciam com o seu talento, ainda mais se tratando de Maiden. Você vai sempre querer absorver cada integrante dessa banda que continua a incendiar e influenciar milhões de pessoas no mundo. A voz do Bruce, a técnica do Harris, as guitarras dos mestres Smith, Murray e Gers. Impossível não lembrar de todos. Posso dizer apenas que o que eu mais me identifico é o Adrian, pelos solos e o feeling que ele passa, a timbragem dele, coisas de guitarrista.
Bunn:  Ah, com certeza o Dave Murray!  Ele e o Mark Knopfler (Dire Straits) são as minhas influências como guitarrista. O Dave construiu um legado na guitarra, sou muito seu fã (mesmo tendo somente as munhequeiras do Harris em casa hahahaha!). Agora, todos os 6 do Maiden são excelentes músicos. Nicko também me inspira quando toco bateria. De álbum, eu destaco o Seventh Son of a Seventh Son. Que trabalho primoroso! Que arranjos, que produção! Também curto o Killers pela fase diferente e pela tremenda energia que emana.

7- Com que bandas o Doctor Maiden tem feito parceria, tocado junto e planejado algo?
Daniel: A Melyra é sócia. Temos ótimo relacionamento com outras bandas também, como a Spiritual Void, Unmasked Brains e Scatha.  É uma cena muito colaborativa e comunicativa.
Guilherme: Acho que por onde a gente passa a gente faz grandes parcerias, todas as bandas que tocaram com a gente foram muito receptivas e é sempre prazeroso dividir o palco com essa galera.

8- Quais bandas de metal nacional vocês tem escutado, tem visto como bandas que se sobressaem em nosso meio?
Daniel: Fiquei realmente triste com a pausa (prefiro chamar assim) do Dr. Sin, que é uma banda que merecia mais. O trabalho do Angra também sempre merece atenção. São bandas de qualidade e representatividade incontestáveis.
Rodrigo: Angra, Dr. Sin, Syren, Unmasked Brains, gosto muito do álbum do Tribuzy aquele com um milhão de participações fodas!
Guilherme: Gosto muito de Angra, Shaman (os 2 primeiros albuns com o André), o Tribuzy ( com o Execution, pra mim uma obra prima). Tem outras bandas incríveis como Hibria, Hangar, Almah, Tuatha de Danann, as próprias meninas da Melyra trazem orgulho pro nosso meio.
Bunn: Alguma coisa do Angra e algumas músicas antigas do Eterna, são arranjos interessantes (não, eu não presto atenção nas letras, não curto a temática religiosa). E de nacional, sem ser metal, sempre curti muito Paralamas. Barone é um dos maiores bateristas do Brasil e o Herbert domina a guitarra de um jeito muito envolvente.

9- Qual a expectativa para o novo álbum da donzela, "The Book Of Souls"?
Daniel: Acabei de ouvir aqui. Pra não me alongar, é o melhor trabalho da banda desde “Dance Of Death”, mas acho difícil que daqui a 10 anos haja alguma canção do disco no setlist da banda em shows. Ainda assim, o importante é ver os caras com vontade de prosseguir criando.
Guilherme: É sempre bom ver que os caras ainda tão trabalhando, que não ficaram acomodados no passado e que pensam nos fãs. Isso é pensar nos fãs, uma banda como o Maiden é emblemática e o hipe em cima de um álbum inédito deles vai ser sempre muito alto. Eu já tive a oportunidade de ouvir, e posso falar que é um álbum maravilhoso!
Bunn: Ouvi o álbum todo e com e já é um dos meus preferidos. Impressionante como na faixa dos sessenta, e depois de décadas, esses caras conseguem fazer um trabalho primoroso. Concordo com o Daniel, é a melhor coisa desde Dance of Death. Destaco as faixa 'Death or Glory' e 'Tears of a Clown'. Esta última realmente me tocou.

10- Vamos finalizar com uma mensagem de vocês para os que nos acompanham e obrigado pela parceria de vocês com a Quality Music.
Daniel: A cena metal é colaborativa. Só funciona com o perfeito entrosamento entre bandas e público. Por isso, o público precisa ajudar. Nem precisa ser sempre comprando, mas compartilhando, comentando, indicando.... isso já vale muito. E parabéns pela iniciativa da Quality, da qual sou entusiasta. A cena metal precisa da colaboração de pessoas como você (Vanderley) e rádios como a Quality, que divulguem esses materiais, muitas vezes primorosos.
Bunn: Agradeço aos nossos fãs e aos meus amigos dessa belíssima banda (não, eles não são bonitos rsrsrs). Que mantenhamos essa parceria por bastante tempo.

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2 comentários:

  1. Os caras além de talentosos, ainda são maneiros! Já tive a oportunidade de vê-los e posso dizer que fazem um showzaço! Vale MUITO a pena!!

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