segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"O que você acha da qualidade do heavy metal nacional atual? E o que poderia ser feito para solidificarmos mais nosso movimento em termos de melhoria para shows e apoio as bandas?"

Imagino que os que curtem metal a mais tempo, possam afirmar que vivemos uma fase intensa do movimento, de muita força e magia. Nos reuníamos em qualquer beco para os shows, ensaios caseiros, aparelhagens deficientes e ainda assim, todos satisfeitos com aquele estilo de vida que se tornou o metal em nossas vidas. O tempo passou e trouxe melhores equipamentos, estúdios, bandas ainda com qualidade, mas algo falta. É nítido que o metal está numa crise de espaço e público que realmente abraça com o coração o heavy metal. Muitas bandas apenas sobem ao palco, mas não há uma atitude ou não se divertem. Cumprem algo meio automático. A maioria sobe e envolve com intensidade quem ali está. O público deixou de apoiar de forma real, estando presente nos eventos, conhecendo o poder de fogo das bandas que tanto se empenham, comprando seu merchandising,... Certamente apesar de tudo isso, o metal ainda é grandioso e a imensa maioria não deixará de lado essa pulsação forte que tanto nos faz bem. Podemos ter consistência e para isso, abaixo estão algumas opiniões de pessoas diretamente envolvidas na cena metálica nacional.

Andreia Capraro (C4Fighter) - Ando conhecendo várias bandas e acompanhando muita coisa. Acredito que como tem ainda muita coisa ruim, tem muita coisa boa surgindo e com uma qualidade gringa. O pessoal está sabendo compor e fazer um ótimo som. Primeiro lugar acho que deveriamos dar mais valor ao que temos aqui no Brasil com as bandas e respeitarmos o esforço que os músicos vem tendo, ajudar na compra dos CD´s, ir aos shows. Isso colabora com que a casa valorize mais os músicos e invista mais na nossa qualidade de apresentação, como o que eles fornecem para nós na parte de benefícios, desde um cachê até o respeito mesmo com os integrantes que estão levando publico para a casa. Eu acho que ainda babamos muito ovo para as bandas gringas, pagamos 300 para ver um show que tem em grande maioria play back e não damos 15,00 para assistir um show de uma banda fodida nacional.

Reinaldo Leal (Unmasked Brains) - Cada vez mais, as bandas têm buscado aprimorar tudo que cerca suas atividades: a técnica musical está mais apurada, incluindo aqui utilização de equipamentos de primeira linha, assim como a preocupação com performances e produção artística (cenografias de palco, figurinos, material de divulgação, etc) têm sido tratada de maneira mais profissional. Isso tudo reflete no surgimento de novas e excelente bandas e na afirmação daqueles que já vem seguindo um caminho mais longo, trazendo junto o amadurecimento que a estrada lhes confere. Com isso, não podemos enxergar esse cenário somente com as bandas sob análise: existe toda uma rede que se integra e cresce junto com esse fenômeno. Ao falar do Metal de uma maneira geral, também temos que lembrar dos sites de notícias, blogs e web zines especializados, das web rádios dedicadas, daqueles que fazem a produção da arte (sites, capas, ilustrações em geral), das assessorias de imprensa, dos profissionais de mídias (fotógrafos, cinegrafistas/editores de videos). Tudo se comunica. Uma banda hoje não pode se preocupar apenas com o aspecto musical. É um fator de muita importância no contexto, mas deve estar contextualizado em tudo que cerca o Metal no Brasil. Minha opinião é que, antes de mais nada, devemos olhar para o espelho e dizer: "a responsabilidade é sua!". A responsabilidade é nossa. Não devemos nunca jogar a responsabilidade para ninguém. Se eu quero que meu show tenha gente, eu preciso fazer um show que atraia a atenção do público latente. Temos que buscar também uma identidade própria. Isso já está sendo introduzido e circulado nas conversas. E é um caminho natural do tema da pergunta anterior: nossas bandas têm qualidade? SIM. Deixamos a desejar frente a bandas estrangeiras? NÃO. Então, não precisamos copiar. Influências são inevitáveis. Cópias são... cópias. Eles que nos copiem. Outra coisa: preconceito. Tanto reclamamos que não temos espaço. Nós mesmos somos os mais segregadores. Não estamos em guerra contra ninguém (outros estilos). Nossa batalha é contra nós mesmos, nossa auto-afirmação.

Nienna Ni (Nostoi) - Nós temos bandas de muita qualidade aqui no Brasil, que não deixam a desejar pros "gringos". E não falo só de qualidade de gravação, mas qualidade de composições também. As bandas tem se esforçado cada dia mais pra fazerem trabalhos cada vez mais elaborados. Há uma grande desunião entre as próprias bandas. Poderia começar com menos picuinha e mais parcerias. Atualmente o cenário está tão fragmentado que se nós conseguirmos unir uma parte aqui com outra parte d'ali poderemos formar algo grande novamente.


Val Oliveira (Rattle) - O momento atual do Metal nacional apresenta um cenário, rico, diversificado. Temos ótimas bandas surgindo, lançando ótimos álbuns. Lógico que em meio a tudo isso, temos bandas que são meras cópias de outras, algumas se limitam a clonar algo feito nos anos 80, outras estão ai só pra curtição, mas no geral, temos grandes bandas do Norte ao Sul do país, com sons autorais, procurando seu lugar ao sol, mostrando competência, criatividade e renovando nossa cena, que é forte e não deve nada à outros países! Primeiro, ter apoio do público! Lógico que não adianta uma banda pedir apoio e não mostrar ao que veio. Tem muita banda que é feita da noite para o dia, tocam por curtição, zoeira e nego acha que elas têm “atitude”. Infelizmente também temos as pragas dos eventos só com bandas cover. O publico vai pagar pra ver uma banda tocando cover, mas não paga para ver uma banda autoral. Segundo: os produtores, donos de casas de shows preferem dar espaço a bandas cover, sendo que algumas ainda pagam para tocar! Ai já vem a questão de que as bandas não recebem nada tocando, isso falando das autorais, que muitas vezes nem uma água é oferecida e se a banda cobra, já vem dizendo que são mercenários, como se a banda não tivesse custos com ensaio, equipamento e gravação! Falta então um apoio do publico, respeito por parte de quem promove e monta eventos! E nem vou citar o povo que diz que apóia o Metal nacional, não compra um único CD, se nega a pagar R$ 10 a 20 reais num show de banda local, mas vem uma banda gringa cobrando 600 conto e ele só falta vender um rim, ou só vai pra show cover, ou fica na porta tomando vinho barato e pedindo desconto no ingresso! E sem público, não há shows, não há espaços para shows, não há bandas compondo e tocando, não há cena! 


Carlos Alexgrave (Brave) - O Heavy Metal sem sombra de dúvida sempre foi e será o movimento mais fiel que existe. Nunca fui um cara nostálgico em se tratando da cena, admiro muito o movimento que viví no inicio dos anos 90 que foi incrível. Com certeza existia mais paixão naquela época, todas as bandas que éramos fãs realmente tínhamos que correr atraz, trocar fitas cassetes as vezes com amigos de outro lado do Brasil, isso foi incrível!! Hoje em dia devido a internet os jovens conseguem tudo da noite para o dia, sem trabalho algum e sem custo. Na minha opinião isso enfraquece e muito a cena. Outra coisa que percebo é que a maioria dos headbangers mais velhos não aceitam a evolução das grandes bandas em seus álbuns. Vejo bandas como Judas Priest, Manowar, Motorhead, Saxon.. com grandes lançamentos, que merecem todo respeito! Talvez por esses álbuns não lembrarem nossa juventude a maioria dos bangers mais velho não gostem, isso é uma pena pois quem vive de passado é museu!! Como músico e headbanger, vejo a cena de shows hoje surreal, esta cada vez mais forte, muito espaço para tocar, e a internet  apesar de destruir a venda de CDs, esta como uma fonte muito rica para todas as bandas em termo de divulgação, coisa que nunca existiu de forma tão rápida, apesar da maioria das casas de shows sempre ajudarem as bandas com migalhas para tocarem, coisa muito triste, mas o mundo é movido por interesse e dinheiro, tenho isso em mente. Uma banda só terá o respeito dos pequenos e grandes empresários quando ela valer o preço que cobra, nossas bandas brasileiras só  crescerão a partir do momento que nos fãs brasileiros enxergá-las como os gringos enxergam (GRANDES). Vamos acordar Headbangers, juntar as mãos e gritar que o Metal brazuca é do caralho!!


Uilson Calixto (Putrefação CM) - Acho que o Heavy metal nacional atual está repleto de bandas que não deixam nada a desejar as de qualquer lugar do mundo!! E o que poderia ser feito para solidificarmos mais ainda nossa cena, é o que a muitos anos já batemos na mesma tecla: A união e o profissionalismo!!!


Luis Carlos Carlinhos (Statik Majik) - Temos bandas excelentes e é incrível como a cada ano aparecem excelentes grupos mostrando seus trabalhos, cada vez mais profissionais e com excelentes musicas, nas mais variadas vertentes do estilo. Quanto a melhoria, mais respeito ao "produto nacional". Acho que precisamos ser mais valorizados nesse sentido. Aqui tem bandas tão boas quanto ou até melhores que lá fora.

Emerson Mördien (Les Mémoires Fall) - O cenário metal brasileiro em termos de qualidade de suas bandas, está em seu melhor momento! Hoje em dia, nossas bandas não estão devendo em nada as bandas gringas! Com ótimos materiais sendo lançados hoje em dia. É uma pena ver que as bandas infelizmente não tem o devido reconhecimento que mereciam. Hoje em dia com internet, fica muito fácil baixar de graça o trabalho de qualquer banda! E com a avalanche de shows internacionais, realmente fica difícil e até é uma disputa injusta pois o headbanger acaba preferindo ir na banda gringa, por pensar que é mais fácil assistir a banda brasileira por aqui. O que falta talvez, seria maior apoio do público e também um suporte maior dos produtores, organizando eventos acessíveis ao público, com boa divulgação, mas o pay to play ou venda de ingresso que é vergonhoso isso! Exemplo de união e evento bem sucedido foi o Doomsday Fest que aconteceu no Arena Metal e teve ampla mobilização entre bandas, público e produtores, resultando em um evento com 320 pagantes, belíssimos shows no palco e muita harmonia entre as pessoas no local! Histórico e que sirva de exemplo!

Maria Fernanda Cals (Indiscipline) - Posso dizer com felicidade que atualmente, há várias bandas no underground nacional que são de excelente qualidade. Alguns exemplos são Unearthly (black/death metal), DarkTower (metal extremo), Electric Goat Combo (stoner), Melyra (heavy metal), dentre muitas outras. Quanto a solidificação do movimento e a melhoria de shows e apoio, acredito que estamos no caminho certo. Vejo cada vez mais gente interessada em fazer seus próprios zines, blogs e produzir shows e há também muitos produtores conscientes do mínimo que uma banda precisa para realizar sua apresentação, o que eleva bastante a qualidade dos eventos.


Luana Braga (Eternyx) - As bandas de heavy metal atualmente tem crescido bastante no cenário brasileiro. Hoje nós temos ótimas variedades de bandas com trabalhos impecáveis e ótimas produções, mas ainda deixa a desejar na produção de eventos. Os produtores não dão o suporte necessário para as bandas estarem fazendo seu trabalho e muitos deles ainda cobram uma fortuna para as bandas tocarem em um evento mais sério. Com a facilidade que o público tem de baixar um cd na internet, acabam não comparecendo aos shows, o que é um ponto baixo. A galera precisa comparecer aos eventos e apoiar as bandas que estão no palco, comprar cds e etc. Não adianta dizer "eu apoio" da boca pra fora. Tem que ter atitude e fazer a diferença!


Iuri Dall Olmo (M-19) - O metal, em geral, melhorou muito na qualidade de gravação. O acesso a tecnologia que não tínhamos antes favoreceu muito a qualidade do som. Equipamentos musicais foram o que mais me chocou no bom sentido, pelo preço e pela qualidade. Nos anos 90 tinha que vender a alma para comprar uma guitarra e um pedal. Mas em relação a qualidade musical acho que decaiu muito, até as bandas grandes estão um pouco perdidas no rumo, quase que pudéssemos dizer que não se tem muito a dizer da vida através da música, da melodia, aquela coisa que vem de dentro do peito. E que na verdade tem muita coisa a ser dita da vida moderna e esta critica eu vejo que cabe internacionalmente também. É meio irônico né! Justo quando tudo está na mão e em mãos não se tem muito a dizer. A parte boa é que ouço algumas coisas boas surgindo nos últimos anos.


Flavia Morniëtári (HellArise) - O metal nacional, hoje em dia, não se resume mais em meia dúzia de bandas: existem MUITAS bandas daqui com qualidade musical e de produção igual ou até melhores que bandas "gringas". É só dar uma pesquisada na internet que você vai achar muita coisa legal. Acho que as próprias bandas precisam se unir mais, meio que "dar o exemplo", sabe? Não acho justo reclamar da falta de apoio e público se você não é a primeira pessoa a se levantar do sofá e ir lá participar dos eventos, apoiar os amigos e etc. E investir na qualidade do seu material, sempre!


Fabio Absolem (Absolem) - Acho o metal nacional foda. Grandes bandas, bandas com carreira internacional, grandes músicos, temos boa estrutura, os equipamentos ainda são caros, mas estão disponíveis. O que não acompanha esse progresso, é o público, que atualmente tem comparecido bem nos shows internacionais, mas ainda deve um pouco de presença nos shows menores. Temos alguns festivais com bom publico, mas de um modo geral, acho muito abaixo do nível das bandas que temos. Persistência e a busca continua pela qualidade e profissionalismo são as armas que temos pra tornar o metal ainda maior em nosso país. Foda-se se é death, thrash ou black. Tudo é metal e devemos respeito uns aos outros.


Julie Sousa (Mortarium) - Acredito que hoje no Brasil temos bandas que não deixam nada a desejar para as gringas, entretanto é preciso que haja mais eventos e produtores sérios, que sejam sobretudo profissionais. Além disso, é indispensável que essa galera que não sai do facebook seja mais participativa e compareça aos eventos, para que a cena não morra e continue produzindo excelentes bandas.



Lando Valério - Eu acho que vem melhorando e muito, principalmente pelo incentivo dos meios de comunicação alternativos como as web rádios (ex: Quality Music e outras), que ajudam muito na divulgação do trabalho de bandas novas e bandas que já estão a algum tempo na estrada e precisam de divulgar seu trabalho. Sem crítica e reconhecimento não a como evoluir!!! Acho que para solidificar mais nosso movimento, falta mais conversa, mais planejamento entre os organizadores, para todos, bandas e público saírem satisfeitos, som de boa qualidade para as bandas mostrarem a verdadeira qualidade de seu trabalho e mais comprometimento do publico, já que no Metal patrocínio e muito difícil e por isso os eventos dependem do publico para contratar um bom som e poder remunerar as bandas o que e o mais importante!!!


Ricardo Neves Costa (Mutilator) - Acho que tem boas bandas. Gosto do Baranga, Matanza, etc... Para melhorar o movimento de heavy metal tem que ter dinheiro, investimentos. Nada funciona sem o  dinheiro. Essa é a mais pura realidade, tudo é caro e sem dinheiro, é difícil o movimento crescer.

Luis Carlos Domingos (Brave) - Eu acho que ultimamente, de uns anos pra cá, a qualidade das bandas brasileiras só tem aumentado, são grandes bandas de varias regiões do país, com excelente qualidade, não devendo nada pras gringas. Antigamente os tempos eram difíceis, pois sair com "lambe-lambe" pra divulgar shows nos pontos de ônibus, com cartazes feitos a mão, fazer parte de zines impresso, muitos deles xerocados, tocar em eventos que quase nunca existiam, mas que sempre estava lotado, nessa época os tempos eram bem mais difíceis, porém ja existiam grandes bandas daqui. Hoje é tudo mais fácil por causa da internet, tudo facilitou em todos os sentidos.... Mas nos dias atuais de uns tempos pra cá, surgiram grandes bandas através da ajuda da internet. É nítido o talento e a qualidade delas. É claro que nesse meio, sempre há algumas em que, ao meu ver, não condiz e nem correspondem de tanta qualidade assim, mas são bandas novas que se a mídia especializada e todos os demais amigos da imprensa, ajudarem, podem ser ainda melhores... pois tenho certeza que por mais difícil que seja, esse árduo caminho, por mais dificuldades que tenhamos, mais vontade o brasileiro tem. Falta um incentivo e um empurrão a mais, tanto dos grandes, quanto da imprensa e produtores locais... em geral... As bandas grandes do Brasil tem uma grande parcela de culpa na cena nacional também, pois se elas olhassem mais pras pequenas,"E deixassem seu egocentrismo de lado", saberiam que tanto estariam a enriquecer nossas bandas, quanto engrandecer nossa cena e todo mundo só teria a ganhar. Elas se esquecem de que um dia também foram pequenas. Eu acredito que para melhorar a nossa cena, precisamos de um pouco mais de incentivo, apoio e iniciativa por partes dos produtores, casas de shows, rádios, web rádios, as secretarias de cultura de nossas cidades, zines, web zines, blogs, sites, selos, gravadoras, distribuidoras e etc. E as bandas maiores daqui, apoiar mais as menores, todos só tem a ganhar e o caboclo que curte, toca ou que esta dentro da cena,. apoiar mais, indo a shows, comprando zines, discos, camisetas e se conscientizando de que, "Devemos apoiar e comparecer mais em shows de bandas autorais, de nossa região" e não pagar 800 reais pra ver banda gringa, que desconhecem nossa existência, pois já são grandes e já marcaram sua pagina na historia, pois o Brasil não tem nada a perder não. Pelo contrario, os gringos pagam pau pra bandas brazucas mesmo, desde quando Sepultura começou a levar a nossa bandeira pra lá. De lá pra cá, as portas estão se abrindo cada vez mais pras nossas bandas. Mais bandas daqui estão levando com muito orgulho nosso nome pra lá... E o fundamental quesito que devemos nos conscientizar, tanto os músicos, quanto todas as pessoas envolvidas, dentro desse efêmero gênero musical, é a UNIÃO!!

Naimi Stephanie (Les Mémoires Fall/BrightStorm) - Bom, acho que existem várias bandas de qualidade no Brasil. O problema é que são talentos escondidos, as pessoas não incentivam e não apoiam o que é novo. É raro ver isso, banda nova se apresentando com sons de autorias próprias com casa lotada. As pessoas na maioria das vezes incentivam o que já é famoso e já existente, deixando de lado o  espaço para as bandas novas. Acho que se isso mudasse poderíamos ver que há vários talentos escondidos por aí, por falta de espaço. Vai muito do incentivo e a aceitação do público para o que é novo. Assim abrirão novas portas e oportunidades para mostrar os trabalhos de qualidade das bandas e mostrar que existe metal bom no Brasil sim. O que falta é espaço e aceitação do publico para mostrar a novidade!


Guilherme Hawthorn (Hawthorn) - Temos excelentes bandas no cenário atual, o brasil não deve nada para as bandas gringas, só acho que ainda falta mais união na cena, cada banda luta por si. Acho que isso pode mudar e rolar um apoio mútuo entre nós, produtores etc... Também acho que  os produtores de shows podiam investir em bandas novas e acreditar no som delas e também investir em bons equipamentos, para proporcionar bons shows. Vejo constantemente bandas tocando em equipamentos que só estragam a apresentação e queima o filme. Por outro lado, muitas bandas aceitam tocar em qualquer lugar, em nome de divulgar gastam seu dinheiro viajando, como se uma banda não tivesse gastos suficientes, com equipamentos e CD etc... E no fim de tudo isso, em vez da banda fazer uma divulgação, elas fecham a porta. Resumindo, eu acho que o problema está dos dois lados, muitas bandas amadoras e muitos produtores que querem APENAS ganhar dinheiro.

Maria Brenny (Minatory) - A qualidade do heavy metal nacional tem melhorado muito ao longo dos anos. Mas ainda existe a falta de valorização de bandas e músicos no Brasil. Conheço muitas bandas do cenário underground nacional que viajaram para o exterior porque lá eram mais reconhecidas. Para solidificar o movimento, nada melhor que a união de bandas e músicos, quebrando a famosa panelinha que sempre ocorre por aí. Promover festivais é uma boa alternativa para solidificar o movimento. No Brasil ainda é incipiente a cultura dos grandes festivais de metal. Na Europa temos os clássicos festivais como o Wacken, Hellfest, Summer Breeze, entre outros que incluem bandas independentes. Aqui são poucos os grandes festivais de metal que ocorrem ocasionalmente e só incluem bandas grandes. Mas conheço 3 festivais bacanas, de menor porte que incluem bandas independentes dos quais vale a pena participar. São eles: Marrecos Fest, em Brasília;  River Rock em Santa Catarina e o Roça n´Roll no interior de Minas Gerais. São festivais pequenos que atraem o público e dão oportunidade para as bandas independentes se destacarem.

Sandro Rabelo (DAOS) - A qualidade das bandas atualmente está como sempre esteve a muitos anos. Sempre tivemos excelentes bandas e elas sempre vão se renovando. Como todo cenário, existem bandas com pouca qualidade ou que não levam muito à sério o trabalho, mas isso não vem ao caso, entra ano e sai ano as que se dedicam, sempre produzem material de grande qualidade, que não deixa nada a desejar para as de fora. Muitos pensam que só lá fora as bandas são boas. Tem muita banda ruim. A diferença que lá, montar uma banda é mais fácil, pois instrumentos são bem mais baratos, como tudo aqui no Brasil, sempre pagamos muito mais caro, então muito mais bandas deixam de investir (o que é compreensível) em equipamentos, e muitos desanimam. Sempre ouço as pessoas reclamando que o cenário é fraco e falam que preferem pagar 300 reais pra assistir banda (grande) gringa ou 100 reais por uma (gringa) não tão grande e deixa de pagar entre 10 e 30 reais, pra assistir bandas nacionais. Nem digo bandas que estão começando, mas bandas que estão a um bom tempo trabalhando e muito para conseguir acontecer, mas que por falta de espaço e apoio muitas vezes acabam sem chegar a lugar algum. Vários fatores contribuem pra isso, mas o principal é a falta de interesse do público que somado a outros fatores, fazem com que o cenário seja fraco e com isso bandas vão ficar estagnadas em um ponto e nunca passar dele. Já li matérias que grandes contratantes afirmam que o ingresso para grandes eventos ou shows de bandas grandes são caros, porque o risco de trazer várias bandas emergentes e o público não comparecer é certo, então se o cenário de bandas underground fosse forte, que com certeza trariam essas bandas e colocaria nacionais para abrir e com isso daria chances a muitas bandas e o que acontece é o que vemos. Milhares de bandas excelentes no Brasil e meia dúzia consegue oportunidades e o que está acontecendo para mudar isso, é que estão se criando várias "UNIÕES" e "COLETIVOS" ou o que muita gente se ofende com o nome de "panelas", fazendo o próprio evento, mas todas junto com produtores e algumas casas sempre se quebram na "falta de público" e quando conseguem espaço, o grupo já está fechado e querem aproveitar o máximo a conquista desse momento. Então estamos correndo risco de tudo isso continuar e muita coisa boa passar desapercebida. Não adianta investir se a mentalidade do público continuar como está. Em redes sociais você tem a resposta, tantos eventos criados, muitos deles com mais de 5 mil confirmações e no dia  não aparece 100 pessoas. Até eventos de graça, não vai quase ninguém e a maioria das que não foram são as que mais reclamam da falta de eventos e bandas boas... Em relação a eventos, deveria mudar a mentalidade. Evento deve ter 3 bandas, se for algo grande no máximo 6, público que comparece não quer maratona de banda com 10, 12 ou 15 bandas, mesmo que a principal seja o Matanza, nego vai aparecer pra ver o Matanza então só as 2 últimas vão ter a presença de um bom público, porque as pessoas vão querer o melhor lugar... Com um número menor de bandas, com certeza pode ter um equipamento melhor e o evento ser melhor, pois todos que tem banda sabem, que o equipamento foda é pra banda principal.

Marcelo Coutinho Penna (Absolem) A qualidade do heavy metal nacional é muito boa, tem ótimas bandas, ótimos músicos, muitos tocando lá fora. É uma pena que o público ainda fica se dividindo por besteira, tipo uns só curtem heavy tradicional, outros thrash, outros death e etc.... Digo uma coisa: Heavy é heavy e ponto final. Então para melhoria, seria o público se juntar e prestigiar o metal nacional, ao invés de boicotar os shows de metal nacional e só irem aos de banda gringa


Leles Gomes (Onnírica) -  "Bem, qualidade vem de qualis (natureza) e por si só não define muita coisa. Dizer que algo tem qualidade é dizer que tem uma natureza, mas qual natureza? É necessário um complemento. Temos bandas de boa qualidade atualmente, mas creio que a grande maioria dessas já estão consagradas; são conhecidas pela maioria das pessoas que realmente acompanham a cena nacional e nem é necessário nomeá-las. Temos também muitas e muitas bandas de boa qualidade, mas que considero que se restringem a uma boa produção, boa qualidade técnica, boa presença de palco, uma boa arte; mas que não avançam com relação a isso. Muitas não encontraram uma identidade, uma boa qualidade na hora da composição, aquele diferencial que te faz escutar as músicas com frequência, comprar o CD e realmente escutar do início ao fim (às vezes você até compra para dar apoio, mas joga ele na gaveta e nem ouve) ou repetir a mesma música várias vezes, colocá-las no celular, se interessar pelas letras, fazer com que você seja também um divulgador da mesma. Você ouve ou vê a apresentação e pensa: “beleza, esses caras tocam muito, são bons, mas esse riff é previsível demais, não tem um refrão forte...essa letra não fala de nada”. Obviamente, temos também um grupo (a meu ver não muito grande) daquelas bandas que avançam nesses quesitos, mas pelas dificuldades enfrentadas no cenário, não se consagraram; muitas deixam de existir ou ficam mais tempo na inativa do que na ativa, por seus integrantes não conseguirem viver disso. E é por esse grupo que acredito que devemos realmente lutar, dar apoio, valorizar, comprar o material, ir aos shows, pagar cachês dignos. Considerando tantas dificuldades é que temos visto o crescente número de projetos que surgem, quando integrantes de diversas bandas se unem e produzem materiais, uma espécie de um trabalho em rede que acaba criando e fortalecendo vínculos e ajudando na divulgação. É claro que aqui também encontramos aqueles que subvertem essa lógica e mesmo não tendo muito a acrescentar tentam criar projetos e mais projetos sem boa qualidade e que não saem do lugar, apesar de ter participações de “peso” e ótima produção. Mas enfim, creio que essa tem sido a melhor alternativa atualmente para dar mais força à cena."

Roque Dortribe (Disorder Of Rage) - "Véio ... é inegável a qualidade das bandas nacionais, já tá mais que provado que as bandas brazucas são foda. Tanto que muitas estão se destacando Brasil a fora... De uns tempos pra cá tem surgido muitas bandas foda, algumas com sonoridade calcadas nos anos 80, outras inovando, renovando o som, mas todas com sua dose de originalidade e qualidade extrema. Infelizmente nem todas dessas bandas tem seu merecido destaque, pois ainda tem aquele velho preconceito de 'não conheço seu som, vamos dar espaço pra quem já conhecemos' por parte de alguns, mas não afeta em nada a progressão das mesmas. O que falta mesmo é abrir espaço para novos rostos, tem uma safra enorme de bandas boas surgindo ae que merecem o lugar ao sol. Tantas bandas gringas vindo pro Brasil, tantos festivais, shows com grande publico, e sempre as mesmas bandas como opening act, tá na hora de abrir esse leque e dar essa oportunidade pras bandas novas que tão por ae, seja em shows, em rádios, em revistas ou o que for ... tem tanta banda foda 'escondida' no underground, é só sair caçando ..."
Celo Rosendo (Unknown Code) - A resposta é sim. Há bandas no Brasil que muitos irão concordar comigo que são melhores que os gringos, não são do mesmo nível, estão além, algumas outras sinceramente têm um grande profissionalismo é louvável, publicidade excelente, dinheiro, mas não possui muita técnica teórica musical, mesmo assim estão também lutando pelo metal, como guerreiros devem ser. Os grandes vocalistas que tenho conhecido e ouvido, com muita satisfação e gratidão, têm também me tornado melhor no que faço, com todo meu entusiasmo e vontade. Há uma idéia que deve ser trazida de volta e de uma vez por todas enraizada no solo da nossa nação: “As bandas precisam se unir e montar megas shows, e com turnê.” Isto precisaria necessariamente de vontade e empenho das bandas envolvidas para conseguir profissionais voluntários que gostam de metal como todos nós gostamos, e que gostem das bandas que irão participar, e se dediquem a isto, que aceitem ter sua vida dividida entre metal e vida pessoal como fazemos e conciliamos, é necessário da mesma forma patrocínio para que possamos conseguir os melhores equipamentos para fazer disto um novo marco na história e provar que não necessitamos de que a indústria “phono” esteja necessariamente direcionando os profissionais a uma jaula “phonoindustrial”. O mais importante acredito é bandas em geral nunca mais tocar em qualquer lugar sem receber pagamento pelo trabalho, isto é o mais grave, pois sustentar uma banda é estar sempre em um caminho extremo, valorizar o seu trabalho e dedicação deve estar fixado na mente dos integrantes de qualquer banda, pois isto é ser profissional, e muitos mesmo concordando comigo não conseguem realizar este feito, mas enquanto isto ocorrer, de bandas fazendo shows de graça para donos de bares pelo país, não haverá qualquer lei que obrigue os empresários a honrar o empenho cultural que uma banda faz pelo seu país. Anos 70 a 80 bandas como Sepultura, Sarcófago, mais conhecidas, venceram todo o cenário brega que dominava o país. Oras, hoje vivemos a mesma coisa, sempre será assim. Como alguns aqui dos grandes instrumentistas e vocalistas underground já disseram é necessário que haja união e que paremos de nos dividir em tribos onde o heavy e o death não se trombam, ou o black e o hard se enfrentam e se criticam, devemos em primeiro lugar para ir adiante sermos todos guerreiros com a mesma batida e sensação ao ouvir o compasso 4/4 que faz todos amigos e fãns agitar os shows com satisfação de ser brasileiro e metaleiro sem precisar recorrer somente aos gringos para ouvir um bom metal. Devemos entregar para o público o melhor que o metal já pôde dar um mix de bandas com diversos gêneros do tradicional até o contemporâneo. Fico também com tremenda gratidão ver o cenário do metal com um crescimento impressionante de vocalistas femeninas apoiando o cenário, chegando junto, e que apresentam técnica em grunts impressionantes e líricos que colocariam as gringas de joelhos. Gutural é um tipo de vocal que deve ser desmitificado e apreciado, o tabu deve cair para todos, pois é tão complexo como o vocal limpo em minha opinião, e se executado corretamente não vai causar mal algum aos vocalistas e deixa o som mais agressivo, só saber usar e mesclar com limpo que sempre foi minha maior apreciação.

4 comentários:

  1. Concordo com todos, se tratando de Diversificação e Qualidade de Bandas, acho excelente e não só se tratando de Metal mas de Rock de forma geral, o problema é o Público de merda q nós temos, q é bem como o Val citou, pagam R$600 por uma banda de fora mas não tem Coragem de Pagar R$10 nas bandas locais, mas a culpa não é só deles, empresários, mídia, Tv's Locais, casa de show, etc... nada disso dá oportunidade ou valor a esse tipo de som, infelizmente no Brasil é assim!!!

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  2. A qualidade do heavy metal nacional atual é consideravelmente fora do comum tem muitas bandas de nível internacional. Digo isso com propriedade, pois tenho amigos que estão nessa luta ou seja administram uma banda e fazem metal de qualidade. Nos anos 80 e 90 havia poucos shows e divulgação precária, mas tinha um público fiel que comparecia. Hoje com as redes sociais existe a facilidade de divulgação. Porém o público não comparecem em massa. Felizmente existem veículos virtuais como à qualitymusicwebradio. Que contribui para enlevar esse estilo de música primoroso e essencial para nós amantes do heavy metal. Para melhorar e solidificar o movimento só criando um tipo de irmandade assim como fazem os grupos de motociclistas. Caso contrário cada um faz a sua parte: as bandas as casa de shows e principalmente o público. Como dizia Overdose Enquanto aquela estrela brilhar no azul do céu o Heavy nunca vai parar de rolar.

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  3. Quem vive nesse meio realmente é um herói, pq infelizmente as casas de show so querem bandas covers, nao adianta, brasileiro nao vai perder o costume de querer ver bandas cover, ja estou na musica a 10 anos tocando metal e isso nunca mudou, com muito esforço conseguimos muitas coisas, mas poderia ser melhor, tem gente "metalero" que prefere pagar 7 reais numa cerveja doque pagar 15 reais pra ver uma banda autoral de qualidade, fico triste mas fazer oq é assim mesmo, avante metaleiros headbangers, desistir nunca, ae galera curte um som da nossa banda la no myspace valeu www.myspace.com/wargate

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  4. Não adianta!!! As bandas sempre vão olhar mais para si mesmos do que para a cena em geral!!! O Fato de eu comprar, apoiar e divulgar a música da banda do meu amigo pode fazer o trabalho dele se sobressair sobre o meu... e eu não quero isso... eu quero que a minha banda se sobressaia, por mais que saiba que ela seja pior que a dele... enfim, já desisti dessa cena, e tenho certeza que vários outros músicos já desistiram também!!! É um querendo ser melhor do que o outro... e não querendo que o estilo musical cresça como um todo...

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