segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A Quality Music Web Radio perguntou:

Você tem uma banda. Em algum momento já parou pra pensar no quanto a missão as vezes é árdua. Já pesou os prós e os contras em continuar ou parar? 


Gerson Monteiro (Banda Amákina) - Meu nome é Gerson Monteiro e sou músico há 30 anos... Sempre tive bandas, porém, poucas, pois sempre trabalhei muito por elas e me dediquei com muita seriedade e por isso sempre duraram.
Nunca pensei em parar, pois acredito que sonhos são pra ser realizados, mesmos que esses tenham que depender dos esforços de outros.
Até hoje paro pra pensar o quanto de mim ficou por esse caminho. Mas, foi isso que escolhi pra minha vida ou minha vida foi escolhida por isso. Algumas vezes fiquei muito chateado com algumas coisas e pessoas, mas nunca desanimei. Afinal, o sonho é meu não posso desistir. Mesmo entendendo que o mercado do Rock é um curral (onde você está sempre do lado de fora), pois lá dentro, sempre os mesmos e os seus.
Fazer Rock é satisfação, sangue, verdade...
Agradeço muito a pessoas e instituições independentes, que também não mediram esforços para que uma parte do meu sonho tenha sido realizado.
Valeu galera toda... Vamos em frente e tocando Rock'n Roll.

Izabella O G Dias (Immortal Opus) - Cara, esse negócio de banda é muito complicado. Quando entrei e ajudei o Guilherme Hübner fundar a atual Immortal Opus (a 09 anos atrás foi Darkheart Desire), meio que a gente não tinha cabeça pra entender em que estávamos “entrando”. 09 anos se passou e muita coisa mudou. Com o tempo a gente vê que pra ter uma banda você pode escolher 02 caminhos: ou ela será um eterno hobbie ou você vai meter a cara em tentar ser profissional (que ai o negócio fica complicado, porque é muito investimento, muito tempo gasto e muita dedicação), infelizmente a maioria das pessoas que encontramos no caminho pra participar dessa jornada não entendem o que é realmente ser profissional e por mais que elas digam que querem algo assim, elas não abrem mão de nada para tal, meio que elas falam "vamos lá", mas o pé fica preso no chão. E em qualquer meio pra você ser algo de verdade você tem que abrir mão e eu entendi isso a poucos anos atrás, por isso não desisti, só aprendi a procurar as melhores pessoas para tal. Não digo que é defeito das pessoas não abrirem mão, as vezes aquele companheiro de banda é na verdade um amigo querido e fica na sua banda devido a isso, mas não é o musico ideal e aprender a separar isso é bem complicado. Hoje eu levo essa nova visão de tratar a banda como empresa, se a pessoa não vai “trabalhar” e abrir mão junto, ela não é a certa para aquilo. Agora é plantar pra colher os frutos dessa nova postura para a minha banda, estou esperançosa. Em poucos dias estreamos uma musica dessa nova jornada.

Daniel Santos (Shaytan) - Ter uma banda é o sonho de qualquer garoto roqueiro, eu não era diferente. Quando era pequeno via os LPs do meu pai, os encartes e ficava imaginando o dia em que eu tivesse minha banda e estivesse fazendo shows pelo mundo. Cresci, montei algumas bandas, fui aprendendo e pegando gosto por fazer música... Até que um dia eu me vi rodando pela Europa com minha banda dentro de uma van e ouvindo a mesma música que me fez lembrar de quando era pequeno e sonhava em estar ali, viajando e tocando... Consegui realizar meu sonho, muita emoção é claro. É difícil se manter com uma banda de metal, sim, é muito difícil... Hoje em dia ainda tenho banda, sou vocalista. Não penso em parar, por mais difícil que seja manter uma banda, não vivo dela, mas é ela que me mantém vivo, alimentando minha alma, e a música que crio é a linguagem que flui de dentro de meu mais profundo EU e isso me faz ter vontade de viver... A música, a paixão por essa arte que  me encantou e me torna completo a cada dia é o que faz com que eu nunca desista de tocar/cantar em minha banda Shaytan...

Rafael Silva Leal (Seven Bless) - Eu, Rafael Silva, faço parte da Banda Seven Bless( 7B ), banda de MelodicDeathCore, E estou a 10 anos nessa árdua missão  de buscar reconhecimento com a 7B, Eu, como muitos que fazem o seu trabalho autoral, já pensei em largar esse sonho de ter um reconhecimento com a banda por diversos fatores, tais como o FINANCEIRO, que é o fator principal para os corre do dia-dia e é quando as coisa ficam complicadas que você para pra analisar os prós e contra, se realmente vale todo esse esforço aplicado nesse objetivo, pois quando você toma a decisão na vida de fazer o que fazemos, você faz sacrifícios enormes para ser capaz de fazê-lo. Você machucará pessoas, deixará seus amados; mesmo que temporariamente, perderá momentos importantes na vida e assim a lista segue... Isso pesa muito nas decisões de; continuar ou não com esse sonho... Porém a cada vez que subo no palco, eu tenho a certeza de que apesar dos pesares é isso que eu quero para minha vida e que altos e baixos ocorrerá, mas que no final das contas é tudo feito pelo amor a musica e isso é o que me move e me motiva a continuar e buscar o meu lugar ao Sol!




Eric William (Vesperaseth) - Cara, é foda. A gente pensa em parar porque cansam os ensaios, os equipamentos são caríssimos, aulas são até que baratas mas são poucas vezes na semana, as vezes os contatos que você tem não são tão bons, geralmente os donos de bares só nos dão cerveja e batata frita...

Mas ao mesmo tempo, você vê a galera curtindo um som da sua banda, você vê eles curtindo muito aquele som que você fez com seus amigos e já compensa todo esforço, todo dinheiro que você gastou.
É uma sensação tão rápida mas que te gratifica por todo esforço.



Andre Lyon - Eu tenho minhas composições e continuo escrevendo continuamente desde os 15 anos de idade, já passei por perrengues tentando montar  algumas bandas com músicos regionais tanto como integrante vocalista guitarrista ou como road de outras e posso dizer que a luta não é fácil e existem mais contras do que prós:
Em primeiro lugar o investimento nos instrumentos musicais é o primeiro obstáculo que se terá pela frente com seus valores absurdos com super taxação de impostos por simplesmente terem vindo de um país como o Estados Unidos e posso dar um simples exemplo de um violão Epiphone DR-100 comprado na Amazon por um americano que mora nos EUA em dólar sai por $80 menos de um dia de trabalho de um deles já que o salário é de $10 por hora e nesse caso duvido muito que exista algum que ganhe apenas o mínimo, enquanto isso aqui com todas as taxações se paga o valor de mais de um salário mínimo mensal de 900,00 de um empregado comum que sai por 1.200,00 e não estamos falando de um violão elétrico, muito menos considerando um top de linha. Aqui ficamos com os piores instrumentos e ficamos com as piores marcas. Um Gibson j-200 provavelmente ficará somente nos sonhos de muitos a não ser que comprem algo chinês. O segundo ponto que eu gostaria de colocar é que a população brasileira é acomodada demais e não busca nunca ouvir e assimilar uma proposta de som de outras bandas o que obriga muitos músicos criativos a encherem os seus repertórios de músicas de outros artistas. Para agradar o público e ganhar um troco que não dá nem para pagar um lanche ou um táxi de volta para casa na madrugada. Ainda tem os fatores políticos ideológicos impostos pela mídia para deturpação da cultura e promover músicas de péssima qualidade e sempre repor músicos que já fracassaram de milênios atrás. Por mais que o país esteja nadando numa lama de merda, eu recomendo todos nós continuar compondo e tentando lançar os nossos trabalhos e em sermos mais humildes, mais humanos, mais unidos uns com os outros. O único público que tem rixa entre si são os caras do Rock que ao ver alguém com um naipe ou uma camisa de banda diferente, já olha com extrema estranheza enquanto os outros músicos do pop, do sertanejo e outros estilos enquanto se promovem sempre carregam outros caras com eles afim de levantar outra banda e fortalecer. Eles compram CDs e vendem em duas lojas e formam parcerias e sociedades fortes entre eles, enquanto a maioria de nós não damos a mínima e não pagamos um ingresso, ou um cachê adequado e estou falando aquele que não paga nem uma pele decente se caso se romper a da caixa da bateria ou queimar um pedal de um guitarrista. Eu possa ficar listando muitas outras coisas, como até os músicos que são geralmente os piores que aceitam tocar de graça, tirando o trabalho de quem quer ir e fazer um trabalho bem feito e direito. Obrigado pela atenção e sucesso a todos.



Carlos Braz (Iguanas) - Nunca pensamos em parar e ninguém na banda sequer comentou sobre isso. Já tivemos que diminuir o ritmo de shows e lançamentos, mas adaptações que fizemos justamente para não parar. Lógico que ver o atual cenário musical brasileiro nivelado por baixo é bem desanimador, mas o rock é algo bem maior que isso, é mais que um estilo musical, é um estilo de vida.





Agradeço aos amigos que participaram dessa matéria, assim como aos outros que sempre foram parceiros da Quality Music Web Radio. São mais ou menos uns 33 anos divulgando bandas de metal nacional, seja com meu extinto fanzine, rádio e a atual web radio, além de eventos organizados por mim. Foram divulgações de releases, resenha de CD's, resenha de shows, divulgação de sites, clipes e tantas outras formas de levar o nome das bandas de metal nacional a um patamar que eles merecem. A cena passa por uma grave crise e isso não é medido por ser underground, pelas correrias diversas, mas sim pela falta de apoio dos bangers brazuca. Um público muitas vezes acomodado e desinteressado. Não sei de quem é a culpa, não sei se é um caso de culpa, mas a magia se foi, ainda que reste tantos trabalhos de imensa qualidade e muita dedicação das bandas nacionais.  Tenho certeza que cada um tem sua história para contar, para rir e chorar de histórias que já viveram neste meio. Eu vou encerrando aqui a minha etapa, ficando agora apenas como ouvinte, como divulgador sem o compromisso e tenho certeza, na dificuldade de tomar essa decisão, sei que é minha hora de parar, ainda que o coração não consiga acompanhar essa decisão.

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