segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Eu, o heavy metal, as bandas e as amizades...

Sempre tive bom relacionamento com bandas de metal nacional, trabalhando na divulgação delas seja através dos fanzines que eu editava (Headbanger Force Fan Club e o Rock'n'Roll Hell Fanzine. Este último fui inclusive apunhalado pelas costas por um ex-colaborador, que registrou o nome e fui impedido de dar sequência). Busquei divulgar bandas através de eventos em que os shows tinham aceitação sempre e ainda divulguei em algumas rádios FM ao qual tive acesso a horários na programação. Amizades solidificaram ao longo do tempo. Vi muitos evoluírem em seus trabalhos, tenho admiração não apenas pelo som das bandas, mas a seriedade com que a maioria imprime em suas bandas. Posso aformar que a qualidade do metal nacional é infinitamente grande e sabem driblar a dificuldade que existe nesse meio, ainda que seja uma carga pesada, competindo com a correria da vida diária. Ver jovens adolescentes que atravessaram o tempo e ainda hoje permanecem a frente de um grande trabalho, ver as histórias que todos podem se orgulhar e também rir muito, pois o metal traz muito além de bandas e músicos. 

No meio há panelinhas, há inveja e guerrinhas, mas infinitamente maior, há trabalho, amizades sólidas, parcerias e qualidade. Desde a fase difícil de se conseguir acesso ao material que as bandas lançavam, comprar equipamentos e falta de estúdios, de espaços para eventos, de divulgação mais abrangente, hoje se tem essas condições com uma facilidade maior, mas o público já não é tão farto no momento de marcar presença nos eventos nacionais. Elaborando essa matéria, me vem a mente citar alguns exemplos e isso pode parecer injusto por algum momento, deixar nomes de fora, mas serão exemplos e não somente o que admiro. Citaria quase todas as bandas pra ser justo, mas a infinidade de merecedores é muito maior. Metal nacional inicialmente era garagem, quintal de amigos, cada canto não imaginável, mas ali eram os ensaios, os "shows". A maravilhosa fase das correspondências,  as fita demo, a cópia para se distribuir aos interessados as novidades. Era muita ansiedade e magia. O visual banger então era algo muito natural, a rebeldia da época, o diferenciamento. Nunca uma regra! Cada revista especializada, fanzines, programas de rádio divulgando metal, tudo era muito valorizado, esperado com grande ansiedade. Bandas como Azul Limão, Mutilator, Viper, Stress, Overdose, Korzus, Sadom, Panic, Explicit Hate, P.U.S, MX, A Chave do Sol, Taffo, Virus, Taurus, Metralion, Sarcófago, Harppia, Volkana, Centúrias, Witchhammer, Metalmorphose, Chakal, Anthares, Vulcano, Dorsal Atlântica da fase inicial do metal no Brasil, deixaram um legado muito valioso, muita história a ser lembrada e repassada aos novatos na cena. É necessário sempre respeitar as raízes, quem veio abrindo o caminho. 

Locais históricos para metal como o saudoso Caverna, o Maracanãzinho, em Volta Redonda por exemplo, o extinto Imperaço... Se não me engano, o 1º show que organizei foi em 1990, na Boate Porão, em Volta Redonda/RJ. Lembrado por muitos até hoje, o evento contou com o Smashing Noisy de Barra do Piraí/RJ, Taurus, X-Rated e Sadom (ambos do RJ e já extintos). Inúmeras vezes eu e alguns amigos dormíamos na Rodoviária Novo Rio, por estar vendo show do RJ e não chegar a tempo do último ônibus para Volta Redonda. Mas era a paixão que nos fazia superar dificuldades e encarar a estrada com seus perrengues, porque aquele amor aos shows faziam valer a pena. A antiga bobagem preconceituosa que havia contra as mulheres no metal era outra coisa discutida, além do radicalismo. Mas, hoje elas estão aí na cena, nos palcos demonstrando com muita qualidade o seu trabalho. Bandas com todas integrantes mulheres ou em algum lugar na formação, elas são organizadas, levam a sério e possuem qualidade, garra e determinação. Alguns exemplos são: Vocífera, Scatha, Indiscipline, The Knickers, Autopse, Melyra, Aborn, Constantine, Evil Inside, Nostoi, Tevadom, Vetitum,... Certamente os homens também estão bem representados. Há músicos incríveis não apenas no palco, mas na forma como conduzem seus trabalhos, ou como seres humanos. Tem banda trabalhando violentamente e desejo que estejam colhendo os frutos. Há bandas prejudicadas pela mudança na formação, na estagnação, na falta de cuidados com o direcionamento e pelo tempo que as vezes param sem novidades. No geral, o metal nacional sobreviveria facilmente se não fosse a falta de recursos e apoio, pois qualidade não falta mesmo. 

Pelo menos dois nesse meio, comecei a divulgar seus trabalhos quando eles tinham ainda por volta dos 13 anos e hoje são dois nomes respeitadíssimos inclusive lá fora: André Matos e Gus Monsanto. Ambos souberam trilhar seu caminho com determinação e colheram os frutos. Musicalmente, gosto de ver em ação pessoas como Fernanda Braga Borges (vocal, Evil Inside), Cynthia Tsai e Cintia Ventania (bateria e baixo, Scatha), Angélica Bastos (vocal, Hatefulmurder), Nienna Ni (vocal, Nostoi), Marcelo Coutinho Pena e Fabio Absolem (vocal e baixo, Absolem), todos do Unmasked Brains, Roberta Tesch e Flora Leal (vocal/guitarra e baixo, Tevadom), Todas da Melyra, Todos do Spiritual Void, Maria Fernanda Cals e Alice D'Moura (guitarra e vocal/baixo, Indiscipline), Luiz Syren (vocal, Syren), sendo estes por eu ter acompanhado mais vezes, mais questão pessoal. Em vídeo, certamente muitos outros nomes estão por serem citados. Tantas pessoas carrego pelo tempo a amizade, seja de banda ou antigas correspondências. Amigos como: Myriam Merino, Uilson Calixto, Hugo Guaraná, Gerson Monteiro e Tuca Marques (ambos da Banda Amákina). Tenho admiração e respeito de bandas como: Quaterna Requiem, Dark Tower, Lacerated And Carbonized, Tuatha de Dannan, Malefactor, Egocentric Molecules, Losna, As Dramatic Homage, Absolem, RATTLE, Banda 80 Rock, Eternyx, Hatefulmurder, Hellmotz, Pagan Throne, Brave, Intrépida, The Black Bullets, Tellus Terror, Silent Cry, Tormentor Bestial, Les Memoires Fall, Panzer, Warcursed e tantas outras. É, vai haver nomes faltando aqui, mas nunca menos importantes do que os citados. O mundo do metal nacional é imenso, é feito de guerreiros que alimentam uma paixão sem tamanho pela música, pelo seu instrumento, pelos seus LP's, CD's, demo tapes, recortes guardados, lembranças que não ficarão para trás. O metal nacional sempre se renova!! 

E não deixaria faltar nesse relato, menção a música da doce amiga Julia Crystal, que nos brinda com seu trabalho doce, bem elaborado e de uma qualidade sem tamanho. Você que tem sua banda, ou você ouvinte de heavy metal, sabe que é muito mais que um estilo musical, mas é algo como uma filosofia de vida. Ao contrário do que o "mundo normal" imagina, heavy metal tem uma cultura sem tamanho. O que se pode aprender nas letras, em cada capa refletindo um pensamento, tudo envolve muita pesquisa, estudo e o estilo demonstra seguir pelo tempo eterno, não uma modinha passageira como tanto constatamos na mídia anos após  anos. Quanta conscientização percebe-se nos trabalhos desenvolvidos pelas bandas dia a dia. Mas cabe lembrar que poderiam as bandas estar mais confortáveis se houvesse mais o apoio real. A simples divulgação do trabalho já é algo muito importante. Levar ao conhecimento de novos seguidores, investir no merchandising das bandas, comparecer aos eventos um pouco mais, fazer parcerias,...

Um comentário:

  1. wonderrr parceroooo!!! foi uma emoção enorme receber essa matéria e ter ainda a certeza de que realmente não estamos sozinhos, pois temos uma figura fantástica junto conosco na saga, V O C Ê!!!!! congrats irmão você já é história!!! grato por ser nosso brother!!!!

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